Estatísticas oficiais vão dando conta de que, cada ano, é mais reduzido o número de ‘casamentos pela Igreja’.
Quando alguém nos lamenta esse facto, costumamos responder que, mesmo assim, ‘ainda são muitos demais. A comprová-lo, o galopante número de divórcios, que atingem tanto casamentos civis como religiosos.
Na verdade, se os nubentes abandonaram a prática religiosa (muitos nunca mais puseram os pés num templo após a Primeira Comunhão ou a Profissão de Fé), faz sentido ir pedir à Igreja o indissolúvel Sacramento do Matrimónio? Mais a mais, quando não há qualquer preparação espiritual...
A propósito, ocorrem-nos dois casos do nosso conhecimento directo.
Há anos, procurou-nos uma simpática moça que conhecêramos na infância. E vinha pedir-nos para presidirmos ao seu casamento. Surpreendido, perguntámos: - mas não estás casada, inclusive já não tens filhos? Tem razão, respondeu ela. Mas, na altura em que decidimos avançar para vida em comum, reconhecemos que não tínhamos nem preparação nem maturidade para celebrar casamento religioso. E casámos civilmente. Mas agora, já maduros, entendemos que é altura de pormos as coisas em ordem; e queríamos que fosse você a presidir. Porque se nos afigurou uma decisão responsável e coerente, aceitámos presidir.
Outra situação: um jovem, nosso afilhado de Baptismo, a trabalhar na capital, convidou-nos para o seu casamento. Mas preveniu-nos de que a cerimónia seria só civil. Reflectimos e decidimos não participar, pois a nossa relação com ele tinha por base um Sacramento da Igreja, Igreja que ele assim ‘dispensava’. Escrevemos-lhe carta amiga, explicando as nossas razões. E remetemos-lhe a costumada prenda. Poucos anos depois, soubemos, por familiares, que o casamento fora dissolvido. Não foi surpresa.
Volvidos alguns anos, novo convite da mesma procedência. Ele iria casar de novo, mas agora pela Igreja. A cerimónia seria em Fátima; e convidava- nos a presidir. Aceitámos, claro.
Mas surpreendeu-nos um facto bem curioso: - convidados, ali, cerca de dezena, o restrito grupo das pessoas mais íntimas. Outras que assistiriam ao casamento mais por razões sociais foram convidadas para o convívio da praxe, mas na capital, onde trabalhavam os noivos. Gostámos desta ‘separação das águas’.
Mas o que acontece por aqui, com frequência? Noivos e familiares convidam para a festa toda a parentela e até pessoas quase desconhecidas, especialmente se os nubentes as supõem capazes de dar bom cheque. A ida à igreja para realização do Sacramento do Matrimónio é um ‘frete’ (até para alguns noivos!), a que muitos assistem visivelmente enfastiados, pois o que interessa, afinal, é a festança, retardada depois pelos infindos caprichos dos fotógrafos. E chamam a isto ‘casamento pela Igreja’, quando, afinal, o que interessa a muitos dos convidados é o banquete, a gastronomia, bem variada e melhor regada. E aí não se olha a gastos.
Põe-se-nos esta interrogação, insistente: - mas isto é religião ou paganismo sob capa de religião?
A resposta dão-no-la tantos jovens casais que depressa recorrem ao divórcio.
Imaturidade? Ausência de sentido de responsabilidade? Tudo isto e muito mais. Uma lástima! Moderna chaga social!
j. d’Oliveira, in Jornal da Beira
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ResponderEliminarSenhor Padre Carlos Lopes
«... A resposta dão-no-la tantos jovens casais que depressa recorrem ao divórcio.
Imaturidade? Ausência de sentido de responsabilidade?
Tudo isto e muito mais! Uma lástima! Moderna chaga social!»...
Nem mais, tragicamente, por mal dos pecados de todos nós!
Casais jovens e menos jovens - que também há muitos de média idade, pelo menos! -, pois há inúmeros pais (talvez a maioria) que além de não darem a mínima educação moral e cristã aos filhos, ainda lhes dão maus exemplos, por vezes péssimos exemplos!
Apreciei bastante este 'seu' artigo, sobretudo na medida em que ele é um sucinto retrato do que se passa na nossa sociedade actual, nas famílias ditas 'cristãs', assim como no nosso 'catolicismo' balofo e laxista -- geralmente muito tíbio, hipócrita, egocentrista! --, nomeadamente a nível do Matrimónio cristão, 'versus' casamento civil...
Qual casamento cristão, qual carapuça, e menos ainda 'Matrimónio católico' - que é um dos sete Sacramentos -, salvo raras e honrosas excepções!
Brincam com tudo, até com os Sacramenttos da Santa Madre Igreja!
Aonde chegámos, meu Deus!
É mil vezes preferível casarem só pelo civil, pelo menos enquanto não amadurecerem minimamente, do que fazerem-no pela Igreja Católica, pois todo aquele qua abusa de um Sacramento, recebendo-o indignamente, comete um horrível sacrilégio, quase tão execrável como receber a Sagrada Comunhão em pecado mortal, com a alma negra, habitada por espíritos malignos, como tantos desgraçadamente fazem-no, tantos que se dizem 'católico praticantes'!
Com a agravante de haver sacerdotes que facilitam demasiado o Matrimónio, por fraqueza ou ingenuidade, e até mesmo por leviandade, nem sequer tentando preparar (ou informar) devidamente os noivos...
Amigo e senhor Padre, louvo, se me permite, o seu rigor e rectidão, quanto à administração do Sacramento do Matrimónio em particular, assim como dos demais Sacramentos em geral.
Tal como o Sacramento da Eucaristia, que é um Sacramento dos 'vivos' (isto é, dos que só devem estar na Graça de Deus, isentos de pecado mortal), assim também deveria ser o Sacramento do Matrimónio, e portanto também de Confissão obrigatória...
Assim, quem não mostrasse estar suficientemente de bem com Deus e com a própria consciência, tal como com o próximo em geral, não teria qualquer acesso ao Matrimónio católico.
Aliás, se os Sacramentos do Crisma/Confirmação e da Extrema-Unção são considerados sacramentos de 'vivos' na Graça de Deus, por que não também o Sacramento do Matrimónio?
Se também o fosse, não haveria, creio eu, tantos abusos, tantos sacrilégios, tantos 'divórcios' cristãos, tantos filhos violentados e abandonados, tantas desgraças a quase todos os níveis!
Pois, quanto mais se facilita, mais se transgride e se peca, maior a degradação.
Embora na Igreja Católica não haja realmente 'divórcio' (graças a Deus!), pois o Matrimónio é plenamente indissolúvel - a menos que seja considerado nulo, pela competente autoridade eclesiástica, o que na prática é muito difícil de provar -, cada vez são mais aqueles que cometem (em relação à Lei Divina e impunemente quanto à corrupta lei humana) o pecado/crime de 'bigamia'; isto é, voltam a casar-se pelo civil, ou optam por 'uniões de facto', depois de terem-se casado pela Igreja!
E muitos desses (assim como os abortistas, etc.) ainda se julgam, para cúmulo, com o direito a receber a Sagrada Comunhão!
Então, para que serve a promessa sagrada (o juramente recíproco, perante Deus) de: "Ser fiel (amar e respeitar o cônjuge) na saúde e na doença, na alegria a na tristeza, etc., até que a morte os separe"?!
Que traição e absurdo, para a maioria dos casais que recebem indignamente o santo Sacramento do Matrimónio!
E os filhos, caso os haja, são sempre o bodes expiatórios, os que mais sofrem, inocentemente!
Porém, a maioria dos casais, já prevendo isso, ainda que implicitamente, evitam os filhos, ao máximo (através da contracepção artificial, tantas vezes nociva e abortiva!), e mesmo assim, quando há uma concepção/gravidez indesejável, quase sempre recorrem ao "abominável crime do aborto", cruelmente, nua a cruamente, geralmente sem o menor escrúpulo, só porque está na moda, sendo considerado 'progresso/evolução', além da própia 'lei' do Estado apoiar e subsidiar tal barbaridade monstruosa/desumana, e de que maneira!
Se tudo isso, assim como várias outras depravações e iniquidades, promovidas ou toleradas pela sociedade imoral e por leis corruptas, não são já sinais funestos evidentes do 'fim dos tempos' -- por comportamentos ainda mais vergonhosos, desumanos e escandalosos, do que os de Sodoma e Gomorra! --, então o que são, e para onde caminhamos?...
+ Jesus Cristo, ouvi-nos!
+ Jesus Cristo, atendei-nos!
+ Jesus Cristo, tende piedade de nós!
Cordiais saudações cristãs, em Jesus e por Maria, para si e sua família.
José Mariano
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