quarta-feira, 10 de setembro de 2008

Em certa religiosidade, onde fica Cristo?

Há dias, acompanhei um grupo de pessoas ao Santuário de Nossa Senhora da Lapa. Queriam adquirir umas alfaias sagradas para a capela do seu povo, mas disseram que era importante que eu as ajudasse a escolher.
Então, ao fim da última Eucaristia dominical, lá fomos nós. As pessoas levaram de casa um agradabilíssimo almoço e comemos no parque das merendas, onde estava muita gente, como é costume nesta altura do ano. Éramos 8 pessoas, sendo que três eram jovens.

A refeição decorreu num ambiente de serena alegria e, após o cafezinho, fomos ao Santuário que procurei explicar aos mais novos sem perturbar o silêncio que, felizmente, nessa altura aí se respirava.
Depois, graças à amabilidade da Ir. Lídia, alguém explicou simpaticamente o antigo colégio aos meus amigos. Seguiram-se as compras, ou melhor, as encomendas já que não havia de momento exactamente aquilo que procurávamos. Adquiridos os célebres pão e queijo da Lapa, rumámos a casa.

Mas o que me marcou foi a postura da muita gente que estava na Igreja. Filas para entrar na gruta. Capela do Santíssimo sem ninguém. Durante o tempo que ali passámos, apenas nós estivemos uns momentos diante do Santíssimo. Aliás foi a primeira coisa que fizemos ao entrar naquele no templo.
A grande preocupação parece ser entrar na gruta, passar uns momentos diante da imagem da Senhora da Lapa e tentar passar na brecha entre os penedos. Cá fora, ouviam os comentários: "Conseguiste passar?"

Este caso é muito vulgar nos Santuários. Sempre me incomoda, em Fátima, que as pessoas, entrem na Basílica, e se coloquem na fila para o túmulo dos pastorinhos. Passam de um lado para o outro diante do Santíssimo, e nem um gesto quanto mais um momento de oração!

Onde fica Cristo no meio disso tudo? E sinto que Nossa Senhora e os santos ficam desolados com esta atitude das pessoas. Não nos disse Maria que fizéssemos tudo o que Jesus nos manda? Não são os santos as sentinelas que, na estrada da vida, nos apontam entusiasticamente Jesus Cristo? Esquecemos que só Deus é o SANTO e que apenas Ele nos pode fazer santos, pois d'Ele vem toda a santidade?

Um cristianismo sem Cristo. Um paganismo com máscara cristã. Um Deus que não tem lugar nem sequer na Sua casa, porque as pessoas não o reconhecem...

Que temos feito para purificar esta religiosidade? Os Santuários têm aqui um papel fundamental, pois eles ainda são um ponto de chegada de muita gente que anda afastada de vida cristã paroquial. Mas os párocos, os catequistas, os movimentos, a comunicação cristã, os pais, têm que estar muito atentos a esta espécie de "heresia prática". Pois para muita gente o primeiro mandamento será este: "Amarás as imagens acima de tudo, inclusive de Deus"!!!

2 comentários:

  1. Todos os dias vos visito no blog da minha filha que é ( VOZ DO GOULINHO )Está como amigo o Asas da Montanha e estar com este amigo é estar com Deus.
    Quero vos fazer um pedido gostava de visitar o santuario de Nossa Senhora Da Lapa não sei onde é podem por favor informar-me fico-vos agradeçido podem responder para o blog Voz Do Goulinho P.F.
    Antonio Assunção

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  2. * * *
    Caro Amigo e Senhor
    Padre Carlos Lopes

    Desgraçadamente, assim é, um pouco por todo o lado, em Portugal e no Mundo.
    Veja só, por exemplo - a somar aos infelizes casos que pertinentemente expõe -, o que acontece na Santa Missa, sobretudo na dominical:
    Quase ninguém quer saber do Sacrário, do Santíssimo, para nada, na medida em que só muito raramente se vê pessoas a rezar perante Ele, assim como a fazer-Lhe uma simples vénia quando passam na Sua frente.
    Por outro lado, em quase todas as festas religiosas e romarias, só muito poucos, talvez menos do que um por cento, fazem uma visita, por mais breve que seja, ao Santíssimo Sacramento.

    Mas antigamente, já há mais de 40 ou 50 anos, não era tanto assim, nada assim, felizmente, pois havia muito mais religiosidade, piedade e respeito, assim como muito melhor formação cristã, moral e religiosa em geral.
    Havia muitas Missões populares, os chamados Tríduos, que geralmente começavam à terça-feira, com grandes e muito sérias pregações, mormente sobre as supremas Verdades eternas, geralmente feitas por um bom orador sagrado, tendo como resultado imediato muitas conversões e confissões, e tal Missão só acabava no Domingo, com uma imponente procissão, Missa solene e pregação, sendo que a Festa era, em si mesma, realmente muito mais religiosa do que popular, para o bem de todos, sobretudo no aspecto espiritual.

    Agora, pelo contrário, as festas religiosas são muito mais populares do que religiosas, muito mais profanas do que sagradas, havendo muito mais superstição e materialismo do que outrora.
    Até a maioria dos sacerdotes raramente fala dos Novíssimos da Alma - Morte, Juízo, Inferno e Paraíso - por exemplo, quando antigamente davam prioridade absoluta a isso mesmo, como não podia deixar de ser.
    Assim como raramente, nomeadamente nas homilias, falam da real existência do Inferno e de Satanás, e até mesmo do Purgatório, no quais já quase ninguém acredita, inclusivamente muitos padres e religiosos...
    Paralelamente, evitam ao máximo falar de certos crimes hediondos, muito mais no âmbito moral e religioso do que jurídico e político, que se perpetram/praticam com demasiada frequência e leviandade, nomeadamente o «abominável crime do aborto», inclusivamente por muitos que se dizem "católicos praticantes", como se fosse possível haver "católicos não-praticantes"...

    Resumindo e concluindo:
    Enquanto a actual Igreja Católica não tiver sensatez e rectidão, madureza e coragem suficientes, para aproveitar, ou reciclar/adaptar, tudo aquilo que havia de bom e positivo, puro e precioso, no chamado tempo "pré-conciliar", nada feito, e continuaremos, muito pelo contrário, a andar para trás, a agravar a crise, a perder tempo e energias, pois enquanto uns poucos tentam construir, muitos outros, uns 80 ou 90%, destroem, da pior maneira e com grave escândalo, directa ou indirectamente aliados a Satanás...
    Na medida em que, como está escrito, "quem não junta, dispersa (ou só desperdiça); quem não semeia, não colhe (ou só colhe joio); quem não é por Deus, é contra Deus" (pois não se pode agradar a dois senhores)", etc...

    Cordiais saudações cristãs, evangelizadoras, para si e sua família, em Jesus e por Maria.
    José Mariano
    -

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