Fui visitá-la. Com remorsos de o não fazer já há algum tempo.
Na sua cama, tolhidita, recebeu-me com um ar de riso que lhe inundava o rosto e me iluminou a alma. Quase nem me deixou falar. Fez-me imensas perguntas sobre mim, cada uma delas aquecida pela preocupação da amizade.
Disse-lhe que não fora ali para falar de mim, mas para partilhar a sua situação, ouvir, acolher, ser presente.
Agradeceu. Disse que havia mais razões para ela se preocupar comigo do que eu com ela. Tinha filhos muito bons, sempre atentos e atenciosos. Eu é que muitas vezes não tinha ninguém a não ser as paredes para partilhar. "Aquela solidão, sozinho naquela casa, aflige-me, sabia?"
E vim de lá, monologando:" Meus Deus, como me sinto pequenino ao pé da grandeza extraordinária desta pessoa! Tantas vezes me queixo da vida e esta senhora que sofre imenso, totalmente dependente dos outros, diz-me que eu sofro mais do que ela...
Eu que fora para apoiar, escutar, dar força, saí de junto dela apoiado, compreendido, acolhido, amado.
Que lição me deste, irmã doente! Que força interior, que delicadeza de sentimentos, que saúde de alma!!!
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