domingo, 2 de agosto de 2009

Sozinho no meio da multidão

Uma vantagem. A casa em que nos hospedámos ficava ao pé da praia, o que evitava transportes. O carro ficou também em férias e só foi utilizado para passear ou ir às compras às grandes superfícies quando tal foi julgado de interesse, uma vez que tínhamos ali tudo à mão.
Como gosto de fazer, não faltaram os meus longos passeios solitários pelos areais. É uma experiência que aprecio imenso. Sentir-me só no meio da multidão, podendo observar comportamentos e reacções.
Procuro especialmente estar atento ao mundo familiar e tocam-me os gestos de carinho, de empatia, mútuo encantamento, ajuda e apoio.
Num dos dias, vi um casal já entradote na idade. Estavam os dois na água, segurando-se pelas mãos para alguns exercícios musculares. Uma vez ele, outra vez ela, lá iam dando una pulinhos para exercitarem os músculos das pernas. Com um carinho imenso a inundar-lhes o olhar. Ao saírem do mar, ainda de mãos dadas, ele beija-lhe o rosto com uma delicadeza encantada. Lindo.
Como o tempo esteve bom, havia muita gente. Por isso, as passadeiras de madeira, cheias mormente nas horas de ponta, não possibilitavam ultrapassagens e caminhávamos respeitando o ritmo de quem seguia à frente. No mesmo dia, duas experiências. À minha frente, caminhava um senhor já entradote rodeado de um rapaz e de uma rapariga, bem espigadotes. Pela conversa, percebi que eram pai e filhos. O que eles brincavam! Com elevação, com respeito, mas num avontade enternecido e encantado. Bonito. Dei graças a Deus por tanta gente que sabe ser família e que pode crescer samente no quente ambiente familiar.
Chegados ao corredor, eles viraram à esquerda e eu à direita. Como tive que respeitar o ritmo dos que iam à frente, caminhei durante alguns minutos atrás de pessoas que mostravam estar na casa dos trinta. Deu-me a ideia de que seriam três casais com clara pronúncia do norte. A conversa era sobre o baptismo de uma criança. Meu Deus, que chorrilho de asneiras, que ignorância, que petulância! Aquelas línguas pareciam setas venenosas contra o padre lá da sua terra. Diziam cada bocarada de pôr os cabelos de um careca em pé!!! Uma parte desta geração dos 30 - 40 parece que tem o rei na barriga, são os maiores, eles é que sabem, mesmo quando destilam toneladas de analfabetismo religioso! Humildade precisa-se, amigos!
Já muitas vezes tenho frisado quanto me tocam as famílias com filhos pequenos, quando nelas existe respeito, alegria, convívio, partilha de tarefas. Há quarenta anos, não se via um pai com o filhinho ao colo, a mudar-lhe a fralda, a brincar com ele. Essas eram tarefas para a mãe. Felizmente mudou. Se mudou! Pais a jogar à bola e às raquetes com os filhos, a levá-los ao banho, a passear com eles, a brincarem juntos. Assim a família tem mais encanto.

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