quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

Os que estão foram são os bons, os que estão dentro são péssimos




Os que estão dentro, os que perseveram, os que não desistem, os que se expõem, os que dão o corpo ao manifesto, esses são criticados, expostos, os fariseus, os corruptos, os escandalosos.
Os que estão fora porque não querem entrar, os que se limitam a ver "passar a procissão", os que ficam na berma a criticar quem passa, os que não se expõem mas gostam de expor os outros, os que, por comodidade, arranjam sempre desculpas para não entrar, esses são as vítimas, os melhores, os mais genuínos, os escandalizados, os que têm razão.


Não concordo minimamente com isto. Acho esta divisão injusta, desumana e vesga.


Os que estão e permanecem merecem-me absoluto respeito. Ao menos estão, expõem-se, dão "o corpo ao manifesto". Têm fragilidades, limitações, falhas, pecados? E quem os não tem? "Eu não vim chamar os justos, mas os pecadores", disse Jesus.


O que é hoje politicamente correto é estar fora, ficar na margem. Assim podem sacudir a água do capote, não se expor e dar-se ao luxo de expor os outros e acusá-los pela sua não entrada.


E os que estão e caminham não têm que melhorar, emendar-se, caminhar com um coração em renovação, atentos à Palavra que lhe dá e indica a luz? Claro que sim. Ecclesia semper reformanda.


Agora estar sempre a "bater no ceguinho" e fazer dos católicos praticantes  os culpados de tudo, isso não concordo e acho injusto. 
Acho muito mais farisaica a atitude dos que estão fora e se desculpam de não entrar com as faltas e defeitos dos que estão e caminham. Daqueles que não querem ver a trave que têm nos olhos do coração, porque estão só fixados no cisco que existe nos olhos dos outros.


E o menos agradável nisto tudo é que há gente da Igreja a bater também no ceguinho...E gente com enorme responsabilidade.


Apesar do crime que cometeu, Pedro não foi expulso por Jesus do grupo dos seus seguidores; apesar da ânsia de poder de João e Tiago, não foram expulsos da comunidade dos seguidores de Jesus. O Mestre propôs a eles e a outros o caminho da conversão, não da acusação ou da expulsão.
Jesus não escolheu anjos, mas pessoas, frágeis como todos os outros, para colaborar no serviço do Evangelho. Mãos de barro que transportam a beleza da Boa notícia.


E sempre, ontem, hoje e amanhã, o importante é Cristo. Só Ele. Cristão vem de Cristo.
Um cano enterrado, sujo, talvez ferrugento, leva a água a nossas casas. O importante é a água boa que esse cano conduz.

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