terça-feira, 27 de maio de 2008

Os recursos são «escassos» para apoiar a classe média

Sócrates disse...
Os recursos são «escassos» para apoiar a classe média.

Aqui é que o pio é mais fino.
Sem uma classe média prestigiada e saudável nenhuma democracia ocidental funciona normalmente. Todos reconhecem que ela é o sustentáculo da democracia, seu ponte de equilíbrio e sua pujança.
Ora a classe média está doente. Sobrecarregada de impostos por todos os lados, exaurida, fragilizada, desapoiada. Resultados? Além da emigração a que é forçada, a sua falência e empobrecimento revertem a favor da proletarização generalizada da sociedade que fica assim cindida entre os muito ricos e os pobres.
Os grandes lobbys à volta dos altos interesses económicos sempre existiram para tentar controlar o poder político e impor a sua visão social. Ora, sem a classe média que lhes servia de contraponto, esses mesmo lobbys sentem-se completamente "em casa"! Consequências? Uma oligarquia com a capa de democracia.
Sabendo que a classe média, mesmo esfrangalhada, dificilmente dará o seu voto fora dos partidos do "bloco central", vem agora o senhor Sócrates dizer-lhe descaradamente que não tem recursos para a apoiar. Pois, com o corpo em chamas políticas, volta-se para os mais desfavorecidos a ver se ainda vai a tempo de estancar a fuga destes para o PCP ou Bloco de Esquerda.
Claro que sou totalmente a favor do apoio aos mais desfavorecidos. Ontem já era tarde! Desde que esse apoio tenha profundidade humana, ajude à libertação social e não continue no tempo a dependência crónica. Vemos tanta gente a receber "o ordenado mínimo" e que, podendo muito bem trabalhar, nada faz a não ser quebrar esquinas ( ou a dedicar-se a tarefas impróprias), perante a indignação de tanta gente que "dá o corpo ao manifesto" e depois vê os seus impostos a sustentar malandragem...
Há quem diga que Portugal continua a viver muito acima das suas possibilidades. Ouvimo-lo a pessoas que sabem, credíveis e sérias. Mas pergunto: Portugal? Ou meia dúzia de portugueses, que num país aflito, vivem melhor do que os melhores por essa Europa fora? E não há coragem de travar os brutos ordenados? Como pode um país civilizado continuar a tolerar esta gritante desigualdade social? Não deveriam certas empresas e alguns ordenados ser taxados com impostos à altura?
Não me venham com a cantiga de alguns políticos que dizem que não são a favor de uma "igualdade por baixo" (eu também não sou). Mas pensemos. Se houver um bolo, e dois ou três comerem 3/4, fica só 1/4 para os outros milhões poderem comer (claro, rapam as migalhas...). Dirão: fazem-se mais bolos. Pois, só que não há com quê...

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