terça-feira, 10 de julho de 2007

Humor e poder de encaixe

Temos um Governo que transpira crispação por todos os poros. Tirando talvez Santos Silva, que me parece dotado de fleuma britânica, o que mais há são ministros sem ponta de humor e/ou poder de encaixe. A começar pelo primeiro de todos, o eng.º José Sócrates, um autêntico vidrinho de cheiro. Mas está bem acompanhado. Há ministros sem sentido de humor, esquecidos de que quem anda à chuva se molha e de que quem governa se sujeita a críticas, a que se deve responder, não com repelões, mas com esclarecimentos.

Mas não é isso o que se vê. Por exemplo, o eng.º Mário Lino, que acumula gaffes, dá o flanco com frequência e responde com exaltação, quase de cabeça perdida, como sucedeu numa reunião com economistas, um dos quais lhe fez uma pergunta incómoda.

A ministra da Educação também não é flor que se cheire. Tem uma voz doce, mas um génio azedo aos membros de uma comissão que lhe fez qualquer crítica, pô-los todos na rua com o argumento de que "quem não está bem muda-se".

O ministro da Agricultura tem, igualmente, a sensibilidade à flor da pele. A um pescador que gritava que a UE anda a desgraçar-nos, respondeu "Peça para sair da União Europeia!". Simplesmente sublime!

Mas, para mim, dificilmente algum bate o dr. Correia de Campos. Claro que se a saúde anda pela hora da morte não é só culpa dele - e até por isso poderia ter mais sentido de humor. Mas viu-se o que sucedeu com a directora de um centro de saúde - exonerou-a porque não retirou um recorte do JN afixado no seu local de trabalho e a que um médico acrescentara um comentário que significava apenas uma coisa que tem sentido de humor, ao contrário do dr. Correia de Campos.

Sucede que esse comentário resultava de uma declaração no mínimo dúbia feita pelo próprio ministro acerca dos SAP. No entanto, o comentário era praticamente inócuo - para mim, que tenho sentido de humor, mas não para o visado. E alguém acabou por pagar as favas dos maus humores ministeriais.

Ora, com um Governo a transbordar de sensibilidades tão femininas (passe o machismo...), não é admirar que os estrangeiros considerem que somos um povo tristonho. De facto, e pelo que está a ver-se, quando resolvemos brincar um bocadinho, apanhamos uma trancada nas costas. Bem se diz que "o calado é o melhor"!

Sérgio de Andrade, Jornalista, in JN 10/07/2007

2 comentários:

  1. Então o cabeçalho bonito que tinha??

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  2. Não sei o que aconteceu. Houve aqui algumas alterações no meu blog e não percebo o que aconteceu.
    Já mandei um sos ao amigo Luis para repor.
    Aselhices de quem não sabe lidar com as novas tecnologias, mas que as aprecia e as quer.

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