Estamos habituados a ouvir que a Segurança Social tirou esta ou aquela criança a determinados pais, mas há também o oposto: pais que entregam os filhos ao Estado. O Diário de Notícias de 12 de Outubro último dava conta de que, só no ano passado, os pais sinalizaram às comissões 2342 situações de filhos em risco. Ou seja, 8,8% dos casos acompanhados pelos técnicos foram dados a conhecer pelos progenitores, enquanto em 2007 a percentagem era apenas de 7,1%. Isto quer dizer que os pais estão a pedir mais ajuda e reconhecem dificuldades em responder à situação de perigo dos filhos, seja porque estes têm problemas de comportamento ou de saúde mental.
Muitos pais não sabem dizer não mesmo aos filhos de tenra idade e mais tarde sofrem as consequências: os filhos tornam-se tiranos e não lhes têm respeito. As crianças crescem habituadas a querer e a ter tudo. Não são educadas com valores, mas com idas aos shoppings e às compras. Não crescem em ambientes onde há uma hierarquia e autoridade mas a achar que podem fazer tudo o que lhes apetece e depois ninguém consegue dominá-las.
"Os pais vêm pedir para ficarmos com os miúdos porque sentem que a única solução é o seu acolhimento. Se a criança tem mais de 12 anos e se opõe, o internamento tem de ser decretado pelo tribunal", acrescenta António Fialho, juiz do Tribunal de Menores do Barreiro. "Estas crianças não praticaram crimes para necessitar de internamento no sistema tutelar educativo mas encontram-se em risco. São causadoras do seu próprio risco. São marginais e os pais pedem ajuda para resolver o problema, entregando-os."
Assim, as crianças e jovens em risco estão a chegar às instituições com idades mais avançadas. Em 2009, das 2187 que entraram no sistema de acolhimento, 1163 (53%) tinham mais de 10 anos. As já acolhidas têm muitos problemas.
Apesar de os problemas de comportamento começarem a surgir em crianças cada vez mais novas, os dados mostram que é entre os 15 e os 17 anos que há mais problemas destes, que os pais não conseguem resolver.
É bom que os pais conheçam isto para se acautelarem e aprenderem com os erros dos outros.
Fonte: O Amigo do Povo
Diante de uma turma do sétimo ano hoje chorei. Fraqueza ou erro, entendam como quiserem, mas a verdade é que não me contive. Uma turma de betinhos, armados em sabichões e feitos gozões, do género, ninguém nos pode tocar!Já desisti de levantar a voz, não adianta e só dou cabo dela. Cruzei os braços e esperei que um ou outro desse conta e me ajudasse instintivamente a chegar ao silêncio na sala de aula. Perguntei-lhes então:
ResponderEliminar- Já alguém vos disse que sois inteligentes?
E eles, todos gabarolas, responderam:
- Já, professora, já muita gente nos disse isso.
- Muito bem!Também eu digo que sois inteligentes. Mas sabeis uma coisa? Para mim, não valeis rigorosamente nada!
A minha voz já embargava e eles sentiram-se ofendidos. A intenção era obviamente inquietá-los(não considero que ninguém valha nada). Mas a custo,continuei.
- Não valeis nada, porque sois nada! Tendes boas notas, mas no coração só tendes ambição da má, não sois companheiros, não respeitais o trabalho dos outros e acima de tudo, não sabeis estar nem ser. Tenho medo da minha velhice(e as lágrimas caíram mesmo aqui), porque não vejo quem possa cuidar de mim. Estais a construir uma personalidade do "eu" e portanto eu não posso esperar nada de vós.E pior, é que eu vou ser apontada como uma das pessoas que vos teve na mão e não fez nada. É assim que a sociedade vai olhar todos os que ousaram educar-vos.
Expliquei-lhes que eles eram apenas um número pequeno dos muitos jovens que vão ser o futuro, mas que poderiam fazer a diferença. Bastava quererem, mas aí é que está a questão! Não têm bases, constroem personalidade na base do que é visível e louvável diante de uma sociedade materialista, individualista e capitalista!
A aula terminou em silêncio! Peço desculpa a todos que me lêem pelo erro pedagógico e pelo sentimentalismo, mas caramba, isto dói!
Fantástico testemunho!
ResponderEliminarMuito obrigado pela partilha.
Gostava imenso de colocar este seu testemunho como um post deste pobre blog se me autorizasse.
Força, não desanime!
Precisavamos hoje de desinquietar, de dessossegar conscciências instaladas, até para não sermos acusados de não ter feito...
Muita paz!