domingo, 24 de outubro de 2010

A GERAÇÃO TIC

T= Telemóvel
I = Individualismo
C= Computador

São dois irmãos casados. Tal como eles, também os respectivos agregados familiares se dão bem e se entendem.
Um casal tem um miúda de 12 anos e um petiz de seis; o outro, uma pequena de 10 anos e outra de  oito.
No Verão passado, as duas famílias juntaram-se foram passar uns dias à praia.
Enquanto e menina de dez anos gostava de ajudar nas tarefas de casa, como pôr a loiça na máquina, fazer a cama, limpar a sala, a prima mais velha passava o dia na saleta (só ia à praia muito a custo), escravizava o pulgar de tanta mensagem enviar para amiguitos e apaixonadito, lia livros da moda, via os programas de TV que lhe agradavam, vagueava pelo computador... Ah! no meio de umas tantas mudas de roupa e idas ao espelho!
E quando precisava de alguma coisa, não se fazia rogada. "Mãe, traz-me água! Prima, vai-me buscar os chinelos! Pai, traz-me o lanche!"

Certo dia, a prima mais nova confronta-a:
- Nós já estamos de férias há mais de um mês, mas os nossos pais trabalharam até agora. Não achas que podias colaborar um pouquinho para que eles pudessem ter um pouquinho mais de férias!?
Então a prima responde lá do alto do monte de egoísmo:
- Eu sou muito nova, tenho todo o tempo para trabalhar...
Pois, era muito nova para colaborar, mas não era muito nova para olhar para as sombras...

A familiar que me contou este episódio, não deixava esconder a revolta e a mágoa que lhe iam na alma. Dois irmãos, tão amigos e tão diferentes na tarefa de educar! A miúda de um aprendera a colaborar, a abrir-se aos outros, a pensar nos outros. Era uma criança feliz e gerava à volta dela empatia pela sua disponibilidade. A outra, até por sinal mais velha, julgava-se o centro do mundo, pocinho de egoísmo, individualista até ao tutano, geradora de de mal-estar e antipatias. Era uma miúda infeliz, mesmo que lhe fizessem todas as vontadinhas.

Fechados sobre nós mesmos, somos como água encerrada durante muito tempo no tanque e desligada da nascente. Cheiramos mal, apodrecemos, somos inúteis e afugentamos as pessoas. Uns infelizes!

Todos sabemos que na adolescência os miúdos tendem a fechar-se mais sobre eles mesmos. Mas isto justifica e abençoa todos os seus comportamentos? Para alguns pais, infelizmente, parece que sim! Depois criam monstros cujas primeiras vítimas são, não raras vezes, os próprios pais.É que quem semeia ventos, colhe tempestades...

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