segunda-feira, 1 de junho de 2009

Não será preciso mudar?

Se até o mudar mudou, porque é que não queremos mudar? (Blog Mansidão)

Algumas mudanças que, no meu modestíssimo entender, poderiam trazer mais verdade à vida, à vida cristã.
1. Se o Sacramento da Confirmação significa uma compromisso assumido com a Igreja, pela Igreja, na Igreja, por que razão crismar aos 14/15 anos? Exactamente quando o adolescente está mais fechado sobre si próprio! A confirmação nunca deveria ser celebrada antes dos 18 anos! A continuar assim, continuamos a encher livros, mas a esvaziar o compromisso.

2. Por que motivo se continua a insistir no Baptismo em criança? Não vejo, no contexto actual - a grande cristandade passou - fortes motivos para baptizar em criança. É que Deus não condena inocentes.
Aos 16 anos, o jovem poderia pedir o seu baptismo. Livremente. Então fazia o catecumenado (aqueles anos de preparação para o Baptismo) e depois celebrava os três sacramento da iniciação cristã: Baptismo, Eucaristia e Confirmação. Especialmente nas famílias sem ligação ou com ligação ocasional à Igreja.
Como está continuamos a ter os livros de registo cheios, mas zero ( ou perto) compromissos!

3. É urgente trazer em peso a doutrina social da Igreja para as várias catequeses. Estamos a ver o vazio que existe, nesta campo. Depois os cristãos não têm nem conhecimentos nem compromisso.

4. Padrinhos de baptismo. Para quê? Para criarem problemas aos párocos dadas as circunstâncias actuais? Muitos e muitos não reúnem minimamente as condições exigidas pela Igreja para o serem.
Além disso, a escolha dos padrinhos por parte dos pais obedece muito mais a razões familiares, sociais e económicas do que a critérios cristãos.

6 comentários:

  1. Concordo plenamente,cada vez mais as pessoas se afastam da igreja e só batizam,crismam ou casam pela igreja porque é bonito, tenho certeza de que a verdadeira razão pela qual tudo isto deveria ser feito nem sequer é avaliada e pensada...(infelizmente).
    "Somos" uns cristãos com muitas falhas,é urgente mudar as mentalidades dos nossos jovens, para que no futuro tenhamos uns adultos sem vergonha de assumirem ser cristãos de verdade.

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  2. Concordo em absoluto que há desleixo pela religião... Se não vejamos:
    - as doenças do foro psicológicos aumentaram exponencialmente;
    - as crianças cada vez permanecem menos tempo na catequese;
    Apenas dois exemplo entre os "ene" que existem. Percebo que cada a modernização entrou num ciclo vicioso que se esqueceu de incorporar a Igreja.
    Uma coisa é certa... quando todos precisam recorrem a Deus porque esse num lhes foge..ao contrario dos outros!

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  3. Sr. Padre Carlos, se algum dia nos cruzarmos lembre-me destes tão complicados assuntos que ficam sempre meio explicados e meio por explicar quando não saudavelmente discutidos frente a frente :)...Concordo e discordo!!!
    Concordo com o ponto 1, mas também quem somos nós para impedir quem quer que seja, muito menos o Espírito Santo...Ele lá sabe como agir...Eu fui crismada com 18 anos e não me lembro de nada a não ser destas palavras do meu pároco: " Agora passais a ser soldados de Cristo." Embora sempre activa na paróquia, só há coisa de três anos percebi a fundo o que ele nos queria dizer! :)E o que ainda me falta perceber... :)E no seguimento vem o ponto 2.
    Discordo do ponto 2:(o sacramento da confirmação só é possível se houver antes o do Baptismo-a não ser que se pretenda fazer dois em um) As crianças também não pedem para comer e os pais alimentam-nas! Por que não dar a primeira papa espiritual em forma de Espírito Santo através do Baptismo? Claro que os propósitos e convicções dos pais não serão as mesmas de há uns tempos atrás, mas mesmo assim...Porquê alterar? E a Eucaristia? Quando é que os jovens teriam contacto com Jesus na sua forma mais simples? Da maneira como as coisas correm,sem quer estar a ser pessimista, longe disso, não sei se grande parte deles pediria o baptismo...não sei, mera especulação!
    Concordo também com o ponto 3: é preciso formar.
    Ponto 4: é verdade que grande parte dos pais escolhe padrinhos por méritos e posições sociais, económicas e familiares, mas nunca me deparei com essa questão: padrinhos de baptismo, para quê? Claro que existem respostas, mas percebi a pertinência da pergunta e, de facto, não posso dizer se discordo ou concordo, uma vez que não tendo pensado sobre o assunto, não posso emitir opiniões precipitadas e com maior probabilidade de erro :)

    E então, nesta complicação toda, eu pergunto: então se mudamos umas coisas, não será que depois não "exigirão" que se alterem outras? Hmm...onde fica depois a firmeza e consistência da Igreja?
    Não pense que sou adversa e resistente a mudanças, mas isto traz-me alguma confusão! :)

    Beijinho sereno***

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  4. P.S. É preciso mudar, é... mas atenção ao que se muda!!!

    Beijinho sereno***

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  5. Ana Patrícia:
    Claro que as suas reflexões são pertinentes. Claro que há muita razão no que diz e nas interrogações que levanta.
    Sobretudo na questão do Baptismo, é preciso ir com cuidado. Mas eu, talvez sem o conseguir, tentei balizar a questão: "Pais sem ligação à Igreja ou com ligação ocasional".
    Nestas circunstâncias, parece-me pertinente adiar o baptismo para mais tarde. Até para evitar a mentira pegada. Então temos pais que pedem o baptismo e ...
    - Não querem casar catolicamente quando o podiam fazer...
    - Não mandam os filhos à catequese...
    - Não os formam em casa...
    - não rezam...
    - Não educam para a sensibilidade ao Sagrado...
    - Nunca põem os pés na Igreja (a não ser no dia do parismo, claro)
    - Não vivem minimamente o mandamento novo...
    - Etc
    Sabe quem está no terreno e é constantemente bombardeado por situações destas... ou se acomoda ou, se não se conforma, tem de pedir mudanças...
    Quanto ao Crisma, mantenho o que disse. Estou cheio de ver fornadas anuais de crismados que debandam. Por mais que se fale, se explique, se motive... Nesta idade, não! Precisam é de quem os ame, mas não lhes peçam compromisso...
    No tocante aos padrinhos, até o Cânone do direito canónico diz "DEz-se, sempre que possível um padrinho ou uma madrinha..."
    Sempre que possível...
    Com a diminuição dos cristãos praticantes, com o aumento dos divórcios e das uniões de facto, com aqueles que não se quiseram crismar, enfim, enfim, às vezes já é muito difícil arranjar padrinhos "decentes"...
    Recordo que nos primeiros tempos, o baptismo era celebrado por adultos e só na vigília pascal. Por que não ha-de ser hoje? Não fala o concílio em refontalização?
    Não falei de nenhuma mudança de conteúdos, da fé da Igreja, apenas da disciplina. E o que a Igreja legislou, pode mudar ( e deve!)
    Naquilo que é divino, aí alto e pára o baile! O que é divino, porque eterno, está sempre actual.
    Beijinho e a minha gratidão pela sua reflexão.

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  6. Com todo o respeito pelas ideias expressas pelo Sr. Padre autor do blogue, bem como pelas dos comentadores,

    seja-me permitido transcrever excertos da homilia que o Santo Padre Bento XVI pronunciou ao baptizar dez crianças na Capela Sixtina, na festividade do Batismo do Senhor, em 2006:

    "(...) O que acontece no Baptismo? Como pode o Baptismo dar a vida eterna? O que é a vida eterna?

    (...)Poder-se-ia dizer com palavras mais simples: esperamos para estas nossas crianças uma vida boa; a vida verdadeira; a felicidade também num futuro ainda desconhecido. Nós não somos capazes de garantir este dom durante todo o tempo futuro desconhecido e, por isso, dirigimo-nos ao Senhor para obter dele este dom.
    (....) No Baptismo cada criança é inserida numa companhia de amigos que nunca a abandonará na vida nem na morte, porque esta companhia de amigos é a família de Deus, que tem em si a promessa da eternidade.
    (...) Esta companhia de amigos, esta família de Deus, na qual agora a criança é inserida, acompanhá-la-á sempre, também nos dias de sofrimento, nas noites escuras da vida; dar-lhe-á consolo, conforto e luz. Esta companhia, esta família dar-lhe-á palavras de vida eterna. Palavras de luz que respondem aos grandes desafios da vida e dão a indicação justa sobre o caminho a empreender. Esta companhia oferece à criança consolo e conforto, o amor de Deus também no limiar da morte, no vale escuro da morte. Dar-lhe-á amizade, vida. E esta companhia, absolutamente fiável, nunca desaparecerá. Ninguém sabe o que acontecerá no nosso planeta, na nossa Europa, nos próximos cinquenta, sessenta, setenta anos. Mas, sobre um ponto temos a certeza: a família de Deus estará sempre presente e quem pertence a esta família nunca ficará só, terá sempre a amizade certa d'Aquele que é a vida.
    (...) Esta família de Deus, esta companhia de amigos é eterna, porque é comunhão com Aquele que venceu a morte, que tem nas mãos as chaves da vida. Estar na companhia, na família de Deus, significa estar em comunhão com Cristo, que é vida e dá amor eterno além da morte. E se podemos dizer que amor e verdade são fontes de vida, são a vida e uma vida sem amor não é vida podemos dizer que esta companhia com Aquele que é vida realmente, com Aquele que é o Sacramento da vida, responderá à vossa expectativa, à vossa esperança ( ...)"

    (...) Agradeçamos ao Senhor por este dom e rezemos pelas nossas crianças, para que tenham realmente a vida, a verdadeira, a vida eterna. Amém".

    Como católicos, reflictamos em tão belas e profundas palavras do representante de Jesus Cristo na Terra.

    Evágrio Pôntico

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