sábado, 20 de junho de 2009

O Ano Sacerdotal não pode ser recuo

Temo que se caia na tentação de uma visão eclesiológica anterior ao Vaticano II.
Não sei, mas há algo no ar que parece ressuscitar uma visão de Igreja que o Concílio ultrapassou.
Não abandonemos nunca a Igreja - Povo de Deus em comunhão, comunidade de baptizados em caminho para a Casa do Pai.
Perdoem-me o impulso, mas a convocar um Ano especial, teria todo o sentido consagrá-lo à Igreja, Povo de Deus. Penso que a partir desta luminosa realidade todas as outras se iluminariam - também a do sacerdócio ministerial. Mas... manda quem pode e obedece quem deve...
Oxalá que sejam radicalmente excluídas toda a clericalização da Igreja e uma piedade pietista e balofa.
Já agora, esta ideia das indulgências ligadas ao Ano Sacerdotal.... Valha-me Deus, valha-me Deus!

2 comentários:

  1. Sim, amigo, tens razão.
    Valha-nos Deus! Pelas indulgências e tantas outras coisas. A clericalização está aí à porta. Valha-nos Deus!

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  2. Venerável trabalhador das vinhas do Senhor!
    Efectivamente, o Santo Cura d' Ars é anterior ao Vaticano II e até ao Vaticano I.
    O discurso de Bento XVI é interessante por reconhecer o excesso de devoção do biógrafo de João Maria, mas tem lá a ideia intrínseca, a que não renuncia, de puxar as orelhas pela alegada falta de piedade, fidelidade e identidade dos presbíteros. E, apesar de apontar para a exigência de participação de todos, o tom discursivo sabe mesmo a Trento. É certo que o Vaticano II refere explicitamente situar-se na linha de continuidade dos concílios ecuménicos e, em especial, o tridentino. No entanto, Paulo VI foi habituando a Igreja a outro posicionamento doutrinal e disciplinar, mitigado já com João Paulo II, que, por outro lado, desencadeou uma onda de gestos proféticos de frutos ainda por saborear.
    No entanto, vale apena ler a reflexão do Secretário da Congregação para o Clero, mais aberta, exigente e audaz que a do Prefeito: situa o Ano Sacerdotal na ligação com São Paulo, dá-lhe a dimensão missionária e insufla a vertente da paricipação eclesial.
    Seja como for,os discursos, à excepção do do Secretário, parecem rejeitar liminarmente toda a emergência da base, embora salientem a efeméride como uma boa ocasião ou pretexto. Insistem demasiado no Mandato e na cadeia da tradição eclesial. Talvez, no balanço do Ano Paulino, o Ano Sacerdotal ganhe outra perspectiva, talvez aquela que o secretário espera da criatividade das Igrejas locais, se elas escutarem "o divino Hóspede em chama ardente".

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