quarta-feira, 24 de junho de 2009

Bêbedos, beatos, chatos e fundamentalistas

Preciso sempre de uma super-dose vitaminada de caridade perante:
- Bêbedos
- Beatos
- Chatos
- Fundamentalistas

1. Um grande amigo meu costumava dizer aos borracholas quando o interpelavam:
- Ei! Só há uma hipótese de nos entendermos. Ou o senhor espera que eu me ponha no estado em que você está ou eu espero que você se ponha no estado em que eu estou. Agora assim não dá!
"In vino veritas", diziam os latinos. Quer dizer que, "com os copos", se revela a verdade do coração. E tenho conhecido pessoas que, com um "grão na asa", se tornam alegres, divertidas, espontâneas, sem recurso à baixa linguagem, sem violência ou azedume. Mas muitos, quando alcoolizados, tornam-se insuportáveis: são chatos, estão sempre a bater na mesma tecla, recorrem à brejeirice, tornam-se violentos e agressivos.

2. Beatos, no sentido que o povo lhe dá. Logicamente pelos Beatos declarados pela Igreja todo o respeito. Então há um Beato por quem nutro uma singularíssima veneração: João XXIII.
A beatice é algo que me enerva, que não suporto sem uma dose reforçadíssima de caridade. Aliás, a sabedoria popular traduz tudo em duas palavras. Beato = falso. Muitos sorrisinhos pela frente e por trás, só facadas. Sempre donos da verdade, são os melhores, sabem tudo e trabalham imenso. Os outros nada fazem e nada valem. Fazem da coscuvilhice um modo de vida.

3. Os chatos. De Tarouca a Lamego são 10 km. Agora imaginemos uma pessoa que quisesse ir a Lamego, passando por Viseu, Aveiro, Porto, Régua. Lamego... São assim os chatos. Dão voltas e voltinhas, não são claros, estão sempre a chover no molhado...

4. Fundamentalistas. E não se pense só nos fundamentalistas islâmicos. Há-os em todas as religiões e sociedades.
Então, ultimamente dentro da Igreja católica, o fundamentalismo tem medrado como cogumelos! Basta ver a série de sites e blogues que por aí aparecem. Para já não falar do Brasil, que então aí nem vos digo nem vos conto...
Os fundamentalistas nunca entenderam a parábola do trigo e do joio, são de uma intolerância rude, consideram-se os melhores e quem não pensa e sente como eles é herege, não católico, filho da perdição. Revestiram-se de uma couraça tal que nenhuma luz ali entra. São os donos da verdade e pronto. O seu mundo fechado é que está certo. E então em relação aos padres é assim: aqueles que eles identificam com a sua mundivalência são os maiores. Os outros são hereges, ímpios, pecadores, infiéis.
Na minha vida, os maiores choques foram sempre com os fundamentalistas da religião, da política, da educação, da sociedade.

4 comentários:

  1. Estamos de acordo como sempre... Faço minhas as suas palavras.Não quero ir a Tarouca e ter que dar essas voltas todas...rsrsrs
    Pe Carlos,hoje está particularmente inspirado! Bêbados,nem tenho paciência, fundamentalistas,estou fora...e chatos há em todo o lado!
    ah..esperei,esperei na sexta feira,mas nem Verissimo,nem Pe Carlos...rsrsrsrs Ai...Vamos ter de conversar,é o único dia que tenho para o ouvir! (brinco) mas é verdade!
    Abraço de amizade

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  2. Olá!
    Não pude, estive a vigiar exames.
    Volto nesta, se Deus quiser.

    Com muita amizade

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  3. Beatíssimo Padre!
    Eu pensava que de Tarouca a Lamego eram 10 quilómetros (Km). Fico agora a saber que são 10 quilolitros (Kl). Com que então o vinho aí é do bom e é muito!
    Tens razão em tudo quanto razoas nesse artigo. Porém, pessoas há que, para usarem lvre e desculpavelmente da violência, da sordidez e da tal "verdade" se enfrascam. A maior parte das vezes a bebedeira é o caminho procurado para tudo lhes ser permitido.
    Quanto à beatice, nesse sentido popularucho, muito há a lamentar: os padres são bons quando se deixam amolgar; indesejáveis, quando fazem o que devem. São como as universidades de hoje, no quadro das parcerias: boas, quando satisfazem os interesses das empresas e se deixam conduzir por elas; elitistas, quando, de boa fé, pretendem conduzir os processos segundo os melhores parâmetros científicos.

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