Efectivamente, o Santo Cura d' Ars é anterior ao Vaticano II e até ao Vaticano I.
O discurso de Bento XVI é interessante por reconhecer o excesso de devoção do biógrafo de João Maria, mas tem lá a ideia intrínseca, a que não renuncia, de puxar as orelhas pela alegada falta de piedade, fidelidade e identidade dos presbíteros. E, apesar de apontar para a exigência de participação de todos, o tom discursivo sabe mesmo a Trento. É certo que o Vaticano II refere explicitamente situar-se na linha de continuidade dos concílios ecuménicos e, em especial, o tridentino. No entanto, Paulo VI foi habituando a Igreja a outro posicionamento doutrinal e disciplinar, mitigado já com João Paulo II, que, por outro lado, desencadeou uma onda de gestos proféticos de frutos ainda por saborear.
No entanto, vale apena ler a reflexão do Secretário da Congregação para o Clero, mais aberta, exigente e audaz que a do Prefeito: situa o Ano Sacerdotal na ligação com São Paulo, dá-lhe a dimensão missionária e insufla a vertente da paricipação eclesial.
Seja como for, os discursos, à excepção do do Secretário, parecem rejeitar liminarmente toda a emergência da base, embora salientem a efeméride como uma boa ocasião ou pretexto. Insistem demasiado no Mandato e na cadeia da tradição eclesial. Talvez, no balanço do Ano Paulino, o Ano Sacerdotal ganhe outra perspectiva, talvez aquela que o secretário espera da criatividade das Igrejas locais, se elas escutarem "o divino Hóspede em chama ardente".
Abílio Carvalho
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