terça-feira, 20 de setembro de 2022

A FAZER FÉ NOS CHICOS-ESPERTOS: TEMOS MAUS PADRES E BONS FIÉIS

Dizia-se que, após a pandemia, as pessoas iriam sair diferentes (melhores) e, no que respeita a Deus, mais convencidas da sua impotência (finitude) ao ponto de voltarem de novo às igrejas. Havia quem assinasse de cruz esta profecia. Sempre fui dizendo ser uma esperança infundada, porque os nossos “pios crentes”, debaixo da desculpa cínica e intrujona de “católicos não praticantes” rapidamente arranjariam outros motivos para a sua “fezada à distância” e usada somente “à la carte”, segundo “os interesses e costumes pessoais e sociais”.
Alguns dos mais velhos dizem que têm medo de voltar e, por isso, satisfazem-se a “ver a missa na televisão”. É o famigerado medo seletivo: vão de autocarro à praia, passeios e peregrinações; passam manhãs e/ou tardes em centros de saúde e convívio para idosos; visitam feiras, hipermercados e restaurantes e só têm medo de ir à Igreja! A maioria dos adultos ocupa-se a servir outros deuses: trabalho, desporto, caminhadas, lazer, festas e convívios. Não têm tempo (nem vontade) para Deus. Os jovens há muito que não querem nada com Deus, por razões óbvias: “não cabem dois galos no mesmo poleiro”…
Santa paciência! Mandam Deus, a Igreja e os padres às favas – e fazem-no de peito feito! – mas quando precisam de algum serviço, papel ou sacramentos são capazes de tudo: mentir, enganar, deitar mão a testemunhos falsos, manipular, ocultar, usar todos os meios ilícitos e desonestos e até “invocar o santo nome de Deus em vão”. E exigem que os pastores (padres e bispos) - quando precisados - sejam acolhedores, respeitadores, disponíveis, serviçais, simpáticos, isto é, lacaios e bonecos sempre ao dispor das suas intentonas.
No pensar da maioria, os padres não passam de saloios (néscios, burros, limitados, retrógrados) facilmente levados na cantiga (enganados) com “duas de retórica”. Cruzo-me diariamente com isto, seja nas lides diárias, seja nas publicações (comentários, gostos e partilhas) das redes sociais. E, por incrível que pareça, há quem esteja convencido levar-me na cantiga: “Às vezes finjo-me de burro que é para não ser incomodado pelos que fingem ser inteligentes!”. E insistem na lengalenga: “vou à Missa ao Alívio, à Abadia, ao Sameiro, ali ou acolá, mas nunca à paróquia...”; “não preciso de ir à Missa para ser católico”; “não vou à Missa porque quem lá vai é pior que eu”; “não estamos a viver juntos, só ao fim de semana”; “são padres como o senhor que acabam com a fé”! Olhe que não… acha mesmo que posso acabar com aquilo que há muito não tem?
(P. António Magalhães Sousa, Sopro e Vida)

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