“Ser um pagode ou andar no pagode” pode designar uma situação confusa, mas também uma situação divertida, divertimento ruidoso, folia, andar na farra, fazer vida desregrada de leviandade. No Brasil, o pagode é designação de um ritmo musical parecido com o samba e com a música sertaneja. Também há quem chame pagode às reuniões de sambistas, onde tocam, cantam e dançam pagode e outros ritmos populares.
Diríamos, por isso, que a maioria dos católicos cultua o pagode: carnaval, páscoa, festas populares, romarias, halloween, natal, ano novo. Apesar de serem momentos (eventos) com origem e significado bem distintos, na prática, pouco ou nada os distingue. Uns de origem marcadamente pagã, outros intrinsecamente religiosos, unidos pelas mesmas motivações: cultuar o “santo pagode”.
Que tem sido o Natal para a maioria dos católicos? Um pagode. Alguns meses antes começa a azáfama: arranjar o pinheiro, iluminar casas e ruas, construir o presépio, comprar prendas, preparar refeições, escolher bebidas e músicas, organizar visitas e convívios. E, nos últimos tempos, escarrapachar tudo nas redes sociais, ávidos de louvores e massagens no umbigo. Certo. E o Outro, o Sujeito da festa?
Vou morrer sem entender – e Deus me mantenha lúcido – como alguém consegue celebrar/festejar uma efeméride (nascimento de Jesus) vivendo totalmente à margem d’Ele… Assisto diariamente a aberrações: pretensos católicos que não põem os pés na Igreja, não respeitam doutrina e orientações, totalmente alheios à vida da comunidade, consumidores de serviços segundo interesses próprios (entremeados com mentiras, encobrimentos, hipocrisia e malabarismos obscenos). Curiosamente (ou não…), são os primeiros a fazer pinheiros, iluminar as casas, montar presépios e até a postar nas redes sociais, vá-se lá saber porquê ou para quê!
Gosto de ver, pensar, registar. Antes da pandemia, diziam não “ir à Igreja” por não terem tempo, precisarem de trabalhar, e o domingo é importante para descansar e passear. Agora, dizem terem medo de ser contagiados, assistem pela televisão, só voltam quando isto passar. Falácias. Mentiras mascaradas. Fazer dos outros papalvos. Pior ainda porque empinados de razão, convencidos que facilmente levam os outros na cantiga com justificações e branqueamentos. O passado, não havendo “vontade” de conversão (mudança, inversão), clarifica o presente e adivinha o futuro.
Dá-me pena haver quem valorize mais bonecos e imagens que o encontro real com Ele na Palavra e no Pão. Dá-me pena a soberba mental não entender que «onde dois ou três se reúnem em Meu nome, Eu estou no meio deles». Dá-me pena que igrejas e santuários, sacramentos de Vida e Salvação, sejam trocados por modas e meios de consumo, alienação, libertinagem e arruinamento. Dá-me pena que o Vivente esteja a ser habilmente afastado da vida de pessoas e famílias nitidamente moribundas. Sinal dos tempos ou tempo de sinais? Hossanas ao santo pagode!
P. António Magalhães Sousa, aqui
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