"Acontece que, por vezes, em lugar de vivermos à imagem de Cristo, ficcionamos um Cristo à nossa imagem.
E é assim que vamos idealizando uma espécie de «self cristianism», um Cristianismo à medida de cada um."
"Evitemos conjugar unicamente o verbo impor. Habituemo-nos a conjugar mais o verbo abrir e também o verbo acolher. Urge compreender que a vida não começa em mim nem termina agora.
Já cansa a fereza devoradora de tanto eu, tanto eu, tanto eu. Um dia, veremos que aquilo que nos chega dos outros também é válido."
"Cuidado com a ditadura do eu. Nos tempos que correm, dá a impressão de que só o eu decide. Afinal, onde está a abertura? Afinal, onde está a diferença?"
"Cuidado com um certo populismo eclesial, que insinua que se pode ser cristão à medida de cada um.
Importa porta perceber que, no Evangelho, não há autarquia, mas cristarquia. O Cristianismo não se constrói à imagem de cada um, mas só - e sempre - à imagem de Cristo.
"É cristão quem quer, mas não da forma que quer. Só se é cristão vivendo como Cristo quer (cf. Mt 6,10)."
In "A alegria de não ser (apenas) eu"
Li o livro "A alegria de não ser (apenas) eu", que recebi amavelmente do seu autor, João António Pinheiro Teixeira. Gratidão pelo gesto amigo.***
É um pequeno-grande livro. Pequeno no tamanho, grande nas ideias, desafios, interrogações, inquietações saudáveis que lança.
Pensei lê-lo de uma só vez. Mas desisti logo ao fim dos primeiros parágrafos. É livro para ler, saborear, refletir, voltar a ler, questionar e questionar-nos. Foi o que fiz e ainda bem. Muitos dias durou a leitura. Penso reler, do mesmo modo, no próximo Advento.
Contextuado no ambiente pandémico donde ainda não saímos completamente, o autor levamo-nos da ditadura do EU até à liberdade do NÓS com, em, por CRISTO.
No campo dos crentes, refere um «self cristianism», cuja medida é cada um. Um cristianismo a gosto pessoal, onde Cristo é apenas ocasião e não razão, motivo, força, modelo. "Só se é cristão vivendo como Cristo quer."
Numa linguagem quase coloquial, agradável, acessível, dinâmica, desempoeirada, o autor consegue colocar os leitores no livro como sua casa.
Vale a pena ler. Faz bem. Refresca.
Parabéns, P.e João António, por mais esta partilha com que a todos enriquece.
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