sábado, 16 de junho de 2007

Por uma Igreja não clerical nem clericalizada

"Existe na Igreja diversidade de funções, mas unidade de missão.
Aos Apóstolos e seus sucessores, confiou Cristo a missão de ensinar, santificar e governar em seu nome e com o seu poder. Mas os leigos, dado que são participantes do múnus sacerdotal, profético e real de Cristo, têm um papel próprio a desempenhar na missão do inteiro Povo de Deus, na Igreja e no mundo."

"E sendo próprio do estado dos leigos viver no meio do mundo e das ocupações seculares, eles são chamados por Deus para, cheios de fervor cristão, exercerem como fermento o seu apostolado no meio do mundo."
DECRETOA SOBRE O APOSTOLADO DOS LEIGOS, CAP. I, 2

Durante esta semana , dois Bispos portugueses enalteceran o trabalho dos leigos nas suas dioceses. Gostei.
Se queremos uma Igreja "casa e escola de comunhão" jamais devemos esmorecer na tarefa de cativar, formar, motivar os leigos para a missão. Eles são a maioria esmagadora dentro da Igreja. Eles também são Igreja!
Há que fazer tudo para que eles descubram a sua missão no interior da comunidade e, sobretudo, no mundo. Urge valorizar os ministérios laicais , dar-lhes espaço e autonomia dentro da comunhão da Igreja. Há que confiar neles. Sem os clericalizar. Respeitando a sua
idiossincrasia laical.
Não esquecer nunca que o campo específico do apostolado dos leigos é a secularidade. É na família, no trabalho, no sindicalismo, no patronato, na comunicação social, no desporto, no café, na escola, nas associações juvenis, no divertimento que os leigos são chamados a ser "sal, luz, fermento do Evangelho". Penso que ou Cristo chega aí pelo testemhunho e acção dos leigos ou não chegará...

Claro que não é tarefa muito fácil. A começar pelos próprios leigos. Durante séculos instalados numa mais ou menos tranquila passividade, revelam agora alguma resistência em assumir-se como Igreja. Em muitos, está mais marcada a ideia de "carroça" do que de "motor". Poucos se mostram disponíveis para a "sua" missão. Poucos procuram formação (tantas vezes a rejeitam!). Poucos estão disponíveis para o risco alegre do anúncio. Preferem, em geral, ficar na concha. É-lhes mais cómodo olharem para a Igreja como "supermercado de sacramentos" do que como comunidade a construir em Cristo, evangelizada e evangelizadora.
Claro que também há sacerdotes que lá no fundo mantêm uma certa desconfiança em relação aos leigos. "Os leigos podem colaborar desde que façam o que eu quero", ouvi certa vez a um colega. Ora isto também não é nada. Apenas clericalismo puro e bafiento.

A ideia, penso eu, é a celebração continuada da comunhão (comum união) entre todos: bispos, padres, leigos e religiosos. No respeito pelo múnos específico de cada um.

Dá que pensar! Por que será que em alguns foruns católicos se discutem muito mais as funções, atitudes e posturas dos sacerdotes do que dos leigos? E olhem que a maioria são leigos.

3 comentários:

  1. "É próprio dos grandes espíritos dizer muito em poucas palavras; pelo contrário, os néscios tem o dom de falar muito sem dizer nada."

    Enquanto sacerdotes, a vossa postura, é de, tentar, dizer muito em poucas palavras.Enquanto a maioria dos leigos, por razões diversas, falam demais ou muito sem nada dizer nada de sociável, comunidade, IGREJA ou Paróquia... talvez, por poderes adquiridos, ou estatutos precoces!
    Algo está errado!
    Mas há e haverá sempre bons leigos. Leigos empenhados e batalhadores que funcionarão em prol das Paróquias e no acreditam em termos de catequese paroquial! Porque apesar das oposições naturais das vivências mais ou menos participantes dão a face!
    Abraço

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  2. Preocupo-me também pelo laicismo na Igreja, que é o movimento contrário ao clericalismo. Ou seja, quando os sacerdotes atuam como leigos e não como clárigos: vestem-se como leigos e colocam os leigos em funções litúrgicas próprias dos sacerdotes (para dar apenas alguns exemplos).

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  3. Aqua Vitae!

    "Mas há e haverá sempre bons leigos. Leigos empenhados e batalhadores que funcionarão em prol das Paróquias e no acreditam em termos de catequese paroquial! Porque apesar das oposições naturais das vivências mais ou menos participantes dão a face!"

    Absolutamente de acordo. Há bons leigos. Felizmente! Gente que se assume, desempenha a sua função, colabora, sai da concha! Há leigos admiráveis, maravilhosos, a quem "tiro o meu chapéu" em sinal de respeitorespeito e admiração!

    Penso voltar a este assunto oportunamente. De qualquer modo, obrigado por ter sublinhado este aspecto desde já.
    Mas que há leigos estupendos, sem dúvida.

    Abraço

    Asas da montanha

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