quarta-feira, 13 de abril de 2016

A Igreja só cresce "em partida"

A água fechada durante muito tempo no tanque acaba por apodrecer e estragar-se.
Para se manter viva e sãzinha precisa de estar ligada à fonte que a alimenta e renova; precisa de sair para irrigar os campos que são, afinal, a razão de ser do tanque.
A Igreja é esse "tanque", alimentado e renovado pela fonte que é Cristo. Os campos são os mundos vários a que essa Igreja é enviada.
Uma Igreja a "coçar para dentro", apenas e só entretida com as suas coisas, os seus movimentos, a sua organização, a sua estrutura, a sua doutrina, as suas questões, etc, será a Igreja de Cristo?
O Papa Francisco bem fala de "periferias existenciais" às quais a Igreja é enviada constantemente. Mas, tanta vez, tenho a impressão que nós não o ouvimos!
Nós?
Sim, nós. Cada batizado. Todos os batizados. Bispos, padres, diáconos, religiosos e leigos.
A impressão geral que se tem é que a Igreja está muito fechada sobre si mesma, instalada. Por isso, à defesa! Uma Igreja que reage e pouco pro-age. Por exemplo, se verificarmos  os títulos das notícias da Agência Ecclesia, tiramos facilmente esta conclusão. Estilo, o Bispo tal, o Papa, este ou aquele "condena", "está contra", "não aceita"...
Há claramente um deserto de profecia neste tempo que é o nosso. Hoje não temos Hélder Câmara, Raoul Follereau, António Ferreira Gomes, Teresa de Calcutá,  Óscar Romero, João XXIII, Manuel Martins(felizmente ainda vivo, mas sem 'palco', como ele mesmo diz).
No campo da profecia, no tocante à visibilidade universal,  resta-nos o Papa Francisco. Mas que não tem tido seguidores à altura. Oxalá não tardem a aparecer!


Muitas vezes, quando nos referimos a uma Igreja a "coçar para dentro", apontamos logo o dedo aos bispos e aos padres.
Sem retirar qualquer responsabilidade a estes - mormente aos bispos - temos que perguntar: os leigos sentem a preocupação da abertura? Das periferias? Não sentirão antes a tentação do choque, das "guerrinhas" entre grupos e movimentos?
Há uns tempos, passou por Santa Helena uma excursão. Servi de guia. Depois estive durante um tempo  à conversa com o casal responsável do qual ouvi:
- Sabe, este passeio teve uma finalidade, contribuir para a unidade dos vários grupos da comunidade.  Somos de uma paróquia com mais de 50 mil pessoas, mas cuja prática dominical não chega aos 10%. E qual a preocupação dos vários grupos paroquiais? Garanto-lhe que não são os que estão fora. Os grupos dividem-se, criticam-se, rivalizam, olham-se de lado, e até obstruem o trabalho uns dos outros...
E continuou o casal:
- Este passeio visa unir, estreitar afetos, para, como diz o nosso pároco, partirmos todos unidos ao encontro de todos os que estão fora.
Arrepia ver os cristãos divididos por questiúnculas em vez de gastarem as energias na missão, e esta está fora e para ela urge a mobilização.

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