" sentimento de ser órfãos, que hoje experimentam muitas crianças e
jovens, é mais profundo do que pensamos. Hoje reconhecemos como plenamente
legítimo, e até desejável, que as mulheres queiram estudar, trabalhar,
desenvolver as suas capacidades e ter objectivos pessoais.
Mas, ao mesmo tempo, não podemos ignorara necessidade que as crianças
têm da presença materna, especialmente nos primeiros meses de vida. A realidade
é que « a mulher apresenta-se diante do homem como mãe, sujeito da nova vida
humana, que nela é concebida e se desenvolve, e dela nasce para o mundo ». O
enfraquecimento da presença materna, com as suas qualidades femininas, é um
risco grave para a nossa terra. Aprecio o feminismo, quando não pretende a
uniformidade nem a negação da maternidade.
Com efeito, a grandeza das mulheres implica todos os direitos
decorrentes da sua dignidade humana inalienável, mas também do seu génio
feminino, indispensável para a sociedade.
As suas capacidades especificamente femininas – em particular a
maternidade – conferem-lhe também deveres, já que o seu ser mulher implica também
uma missão peculiar nesta terra, que a sociedade deve proteger e preservar para
bem de todos.
De facto, « as mães são o
antídoto mais forte contra o propagar-se do individualismo egoísta. (...) São
elas que testemunham a beleza da vida ». Sem dúvida, « uma sociedade sem mães
seria uma sociedade desumana, porque as mães sabem testemunhar sempre, mesmo
nos piores momentos, a ternura, a dedicação, a força moral. As mães transmitem,
muitas vezes, também o sentido mais profundo da prática religiosa: nas
primeiras orações, nos primeiros gestos de devoção que uma criança aprende
(...). Sem as mães, não somente não haveria novos fiéis, mas a fé perderia boa
parte do seu calor simples e profundo. (...) Queridas mães, obrigado, obrigado por
aquilo que sois na família e pelo que dais à Igreja e ao mundo ».
A mãe, que ampara o filho com a sua ternura e compaixão, ajuda a
despertar nele a confiança, a experimentar que o mundo é um lugar bom que o
acolhe, e isto permite desenvolver uma auto-estima que favorece a capacidade de
intimidade e a empatia. Por sua vez, a figura do pai ajuda a perceber os
limites da realidade, caracterizando-se mais pela orientação, pela saída para o
mundo mais amplo e rico de desafios, pelo convite a esforçar-se e lutar. Um pai
com uma clara e feliz identidade masculina, que por sua vez combine no seu
trato com a esposa carinho
e o acolhimento, é tão necessário como os cuidados maternos. Há funções e
tarefas flexíveis, que se adaptam às circunstâncias concretas de cada família,
mas a presença clara e bem definida das duas figuras, masculina e feminina,
cria o âmbito mais adequado para o amadurecimento da criança."
A Alegria do Amor, Papa Francisco
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