Em 8 de abril, a Santa Sé publicou a Exortação Apostólica ‘Amoris
Laetitia’ (AL) (A alegria do amor: sobre o amor na família). O documento do
Papa surpreende por sua beleza e estilo comunicativo.
A linguagem de Papa Francisco, desde o início do seu Pontificado,
caracteriza-se pela simplicidade e está repleta de expressões populares. Nninguém pode duvidar que, com o Papa Francisco, introduziu-se na Santa Sé um
estilo familiar e direto, alcançando assim repercussões universais.
Na prefação do livro “O Vocabulário do Papa Francisco”, aos cuidados do
jornalista salesiano Antonio Carriero, o Cardeal Pietro Parolin, Secretário de
Estado do Vaticano, assim fala do novo estilo comunicativo do Papa: “A única
verdadeira estratégia de comunicação de Francisco é a adesão confiante e serena
ao Evangelho”.
A forma de conversar de Bergoglio é um ‘sermo humilis’, capaz de falar a todos.
Há “no seu modo de falar – acrescentou o mesmo Cardeal Parolin – a sabedoria de
ministrar conteúdos altos”, “fazendo uso de vocabulário e imagens que retiram
toda a sua força da vizinhança com a vida quotidiana”, pondo deste modo “o
interlocutor, seja ele quem for, em posição de paridade e não de
distância”.
Para muitos católicos o estilo de comunicação do Papa representa uma
novidade total: é que estavam habituados a um modo de ensinar na Igreja que
costumeiramente usava uma linguagem difícil, seleta, replena de conceitos
frequentemente complicados. Nas suas falas o Papa acompanha o estilo de pregação
de Jesus: rico de imagens e de exemplos da vida quotidiana, relidos segundo os
olhares de Deus.
O estilo do Papa traz-nos à memória também o jeito com que Dom
Bosco costumava comunicar-se, buscando fazer-se compreender de todos, sobretudo
da gente simples: a sua comunicação partia sempre de uma atitude de profundo
respeito para com o interlocutor e a sua realidade, sempre pronto a adaptar a
sua linguagem para fazer-se compreender do outro e passar-lhe a sua mensagem.
Outra característica comum a ambos é que aprenderam, antes de falar, a
ouvir o seu interlocutor, conseguindo desse modo estabelecer conexões que podem
construir novas pontes de compreensão e superar diferenças.
Enfim, no modo de comunicar do Papa Bergoglio depreende-se a capacidade
de escutar, não só com o ouvido mas também com o coração: não tem medo de
mostrar que se sente comovido, ou interpelado pela realidade circunstante.
A tecnologia permite-nos hoje ter acesso aos milhares de mensagens em
diversos formatos e suportes. Mas quando deparamos com alguém com a capacidade de
comunicar com transparência e verdade, instintivamente se vão abaixando as
nossas defesas e os nossos temores. O Papa Francisco realiza isso com o povo:
todos de algum modo se sentem acolhidos. E esse é o resultado de um estilo de
comunicação amistosamente empático.
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