«A ditadura do pensamento único mata a liberdade dos povos e das consciências» – isto foi o principal da mensagem do Papa Francisco na Missa desta quinta-feira (9-42014) na Capela da Casa de Santa Marta.
Uma ideia muito interessante, muito actual e que se aplica a todos os lugares da vida deste mundo, mas principalmente, no nosso país e na nossa região. Mas, a nossa igreja também não sai limpa desta constatação. Por isso, reparemos na forma como o Papa faz a denúncia: «E quando na história da humanidade vem este fenómeno do pensamento único, quantas desgraças. No século passado nós vimos todas as ditaduras do pensamento único que acabaram por matar tanta gente... “Hoje deve-se pensar assim e se tu não pensas assim, não és moderno, não és aberto ao diálogo ou pior ainda”. Tantas vezes dizem alguns governantes: ‘eu peço uma ajuda financeira’; ‘mas se tu queres uma ajuda tens que pensar assim e deves fazer esta lei e outra ainda... Também hoje existe a ditadura do pensamento único e esta ditadura é a mesma desta gente: pega nas pedras para lapidar a liberdade dos povos, a liberdade da gente, a liberdade das consciências, a relação da gente com Deus. E hoje Jesus é crucificado outra vez» (Papa Francisco, 10 abril de 2014)...
Magnifica e acutilante denúncia. Aplica-se em todos os lugares do poder. A Igreja em primeiro lugar, que também funciona com estas ideias bem presentes, quando faz as suas nomeações, quando concede títulos e cargos honoríficos, não o faz por mérito nem muito menos tendo em contas os perfis e a obediência ao serviço do Evangelho. Mas muitos são escolhidos porque pensam pouco ou porque não sabem o que é pensamento próprio e livre, os que dizem sempre ámen mesmo que estejamos diante de um erro colossal e prejudicial para a Igreja.
O amiguismo vai fazendo o seu caminho e temos hoje muitos bispos e muita outra gente que está em determinadas funções que se vê a quilómetros de distância que não serve para aquilo que foi nomeado, mas chegaram lá porque se puseram a jeito e souberam escolher muito bem de quem deviam ser amigos.
Esta lógica não é de maneira nenhuma a do Evangelho, mas doutrina pura e dura dos fariseus e dos doutores da lei, que Segundo o Papa Francisco essa gente errou porque retirou os mandamentos do coração de Deus. Eles pensam que tudo se resolve na observância dos mandamentos – sublinhou o Papa – mas estes não são uma lei fria porque nascem de uma relação de amor. Mas o coração está fechado para isto. O farisaismo: «É um pensamento fechado que não está aberto ao diálogo, à possibilidade de que haja uma outra coisa, à possibilidade de que Deus nos fale, nos diga como é o seu caminho, como fez com os profetas. Esta gente não tinha escutado os profetas e não escutava Jesus» (Papa Francisco, 10 abril de 2014).
Ora, esta lógica está por todo o lado e também se aplica à vida social e política. Os partidos políticos funcionam da mesma forma. Os governos fazem-no de forma descarada. Todos sabem de muitos exemplos. Não necessito de apontar nada em relação àquilo que se vai passando no nosso país e na nossa região que se desgovernou precisamente por causa desta desgraça.
Por isso, no mito de Sófocles, na magnífica «Antígona», diz-se já e muito sobre a inquietação do Papa ao proclamar no ponto alto do diálogo o seguinte quando fala Hémon, um dos personagens da Antígona que diz alto e bom som: «Quem julga que é o único que pensa bem, ou que tem uma língua ou um espírito como mais ninguém, esse, quando posto a nu, vê-se que é oco».
Fonte: aqui
Por isso, no mito de Sófocles, na magnífica «Antígona», diz-se já e muito sobre a inquietação do Papa ao proclamar no ponto alto do diálogo o seguinte quando fala Hémon, um dos personagens da Antígona que diz alto e bom som: «Quem julga que é o único que pensa bem, ou que tem uma língua ou um espírito como mais ninguém, esse, quando posto a nu, vê-se que é oco».
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