quinta-feira, 17 de abril de 2014

Mistério Pascal de Cristo



No Credo, proclamamos a Encarnação e a Páscoa de nosso Senhor Jesus Cristo. Todavia, a Sua vida comunica-nos a própria vida de Deus, faz-nos conhecedores das realidades divinas e salva-nos do poder das trevas. Assim, do momento da conceção, no seio virginal de Maria, até o dia em que Ele subiu aos céus, derramando sobre os discípulos seu Espírito, temos a passagem de Jesus deste mundo para o Pai. A Páscoa de Jesus é toda a sua vida e encontra seu ponto culminante nos eventos da Sua morte e da Sua ressurreição.

A vida de Cristo é mistério

A palavra “mistério” na Sagrada Escritura quer significar o plano de Deus revelado e realizado por Jesus e comunicado aos homens pela efusão do Espírito Santo. A vida de Jesus cumpre este plano eterno do Pai de reconciliar e de fazer entrar os homens em comunhão com Deus. Na Sua própria Pessoa, esta vontade do Pai realiza-se, pois nEle estão unidas as naturezas divina e humana. Com sua morte e ressurreição, perdoa os nossos pecados e sela uma aliança eterna e definitiva entre nós e Deus. Com o envio do seu Espírito Santo, torna-nos participantes de sua vida divina e conduz-nos para entrarmos definitivamente na sua glória.

O mistério Pascal

Apesar de sua vida inteira ser mistério, sem dúvida, na sua Paixão, Morte e Ressurreição isto é  mais visível, tornando-se o núcleo do mistério Pascal. O Compêndio do Catecism afirma que “o Mistério Pascal de Cristo, que compreende a sua morte, Ressurreição e Glorificação, está no centro da fé cristã, porque o desígnio salvífico de Deus realizou-se uma vez por todas com a morte redentora do seu Filho, Jesus Cristo”. Assim, nos eventos da crucificação e da ressurreição fica claro que Jesus venceu o sofrimento, o pecado, a morte, o demónio e abriu um caminho de vida plena para homens.

A memória da Páscoa

A partir da celebração da Ceia Pascal Judaica, Jesus institui um conteúdo e um rito pascal novo. Ele mostra que a Páscoa é a imolação de Seu Corpo para a Salvação dos homens. Este sentido cristão foi ritualizado na oferta das espécies do pão e do vinho que Jesus fez aos seus discípulos. O pão é a carne d’Ele entregue e o vinho é o sangue derramado para a salvação de muitos. Além disto, o Senhor pediu que se fizesse memória daquele gesto sacramental. Assim, desde o primeiro século, as comunidades cristãs reúnem-se para celebrar a Páscoa.

A Páscoa como Passagem

Traduzindo corretamente o termo hebraico “pesah” como “passagem”, São Clemente de Alexandria e Orígenes vão entender a Páscoa como uma passagem da falta de fé para a obediência da fé; do pecado para a santidade; da morte para a vida... A Páscoa de Jesus aponta a Páscoa do cristão. Desta forma, toda a vida de Cristo e a dos cristãos são uma Páscoa. Os últimos só podem passar por causa do primeiro, pois Ele é a causa e o modelo de como, do porquê e do para onde passar.

 A Páscoa Cristã

Unindo estas duas maneiras de entender a Páscoa e percebendo um elo entre elas, Santo Agostinho vai falar do duplo aspecto da Páscoa: ela é, ao mesmo tempo, a passagem de Cristo e a passagem do homem. Ela é o sacrifício de Jesus na Cruz, para a remissão dos pecados, que possibilita aos homens entrarem em comunhão com Deus. Ela é a passagem de Jesus para a casa do Pai e, por causa disto, a possibilidade do homem passar com Ele.

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