sexta-feira, 29 de abril de 2011

Cenas de um dia

Precisei de fazer umas compritas e passei uma uma grande superfície  comercial.
Sou dos que pensam que o hábito não faz o monge. Por isso não é preciso andar de cabeção ou de batina para nos identificarmo como padres.
A propósito de uma peça de roupa, disse à funcionária que era padre. Ui! Senti um olhar de admiração e de contentamento no olhar da rapariga. "Precisava mesmo de encontrar um padre, o senhor nem imagina"- disse-me ela. - Eu sou católica, não vou muito à Igreja, mas tenho a minha fé.
Falámos muito mais de questões relacionadas com o cristianismo do que de roupas. Havia ali um vulcão de dúvidas, imensas inquietações e muitos receios. O tempo de que ela dispunha era pouco (estava em trabalho), por isso procurou sugá-lo em perguntas com receio de que lhe escapasse alguma. Procurei escutá-la o melhor que me foi possível. Mais do que de respostas, as pessoas precisam de quem as ouça.
A maneira como falava e colocava as questões era de alguem que procurava respostas. Não havia ali qualquer provocação.
Disse-lhe que Deus a amava profundamente, como se fosse a sua filha única.Que Deus nunca desistia dela e que a aceitava como  era. Que Deus sonhava diariamente com a felicidade dela e que Ele fazia sempre a sua parte. Que nunca perdesse a esperança e que procurasse sempre.
Uma colega chamou-a e teve que desandar, mas antes ofereceu-me um sorriso bonito por entre um "obrigado" que se sentia vir cá do fundo.
É. Urge cada vez mais levar a Igreja para fora das igrejas. Ir ao mundo e aí ser o coração de Cristo que ama cada pessoa. E isto não é só  missão de padres, mas de todos os baptizados. TODOS! Aliás é próprios dos leigos a secularidade = ser Cristo no meio do mundo.

Estava num restaurante onde outas pessoas também almoçavam. A TV estava ligada e decorria o telejornal. De repente, fez-se um silêncio que, como onda, se estendeu a todo o espaço. Procurei entender o motivo. Todos fitavam a televisão. O que era? Noticiavam-se os preparativos para a beatificação de João Paulo II.
A informação acabou e na mesa ao lado, onde estavam 4 homens e duas senhoras, a conversa era agora o falecido Papa. Os elogias brotavam rasgados e convictos. Um deles afirmou em voz decidida: "Nem era preciso que a Igreja o declarasse santo. Para mim ele já o era." Os outros acenaram em sinal de concordância.
Só era desnecessária a forma menos abonatória com que se referiram a BentoXVI ao compará-lo com João Paulo II. No Céu, o Papa  polaco não terá certamente apreciado estas críticas ao seu sucessor, até porque infundadas.

1 comentário:

  1. JPII era especial. Transbordava bondade. Nem todos os papas são santos. Lá em cima JPII intercederá pelo seu sucessor. Eu tb gosto mais de JPII e não vejo mal nisso.

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