Precisei de fazer umas compritas e passei uma uma grande superfície comercial.
Sou dos que pensam que o hábito não faz o monge. Por isso não é preciso andar de cabeção ou de batina para nos identificarmo como padres.
A propósito de uma peça de roupa, disse à funcionária que era padre. Ui! Senti um olhar de admiração e de contentamento no olhar da rapariga. "Precisava mesmo de encontrar um padre, o senhor nem imagina"- disse-me ela. - Eu sou católica, não vou muito à Igreja, mas tenho a minha fé.
Falámos muito mais de questões relacionadas com o cristianismo do que de roupas. Havia ali um vulcão de dúvidas, imensas inquietações e muitos receios. O tempo de que ela dispunha era pouco (estava em trabalho), por isso procurou sugá-lo em perguntas com receio de que lhe escapasse alguma. Procurei escutá-la o melhor que me foi possível. Mais do que de respostas, as pessoas precisam de quem as ouça.
A maneira como falava e colocava as questões era de alguem que procurava respostas. Não havia ali qualquer provocação.
Disse-lhe que Deus a amava profundamente, como se fosse a sua filha única.Que Deus nunca desistia dela e que a aceitava como era. Que Deus sonhava diariamente com a felicidade dela e que Ele fazia sempre a sua parte. Que nunca perdesse a esperança e que procurasse sempre.
Uma colega chamou-a e teve que desandar, mas antes ofereceu-me um sorriso bonito por entre um "obrigado" que se sentia vir cá do fundo.
É. Urge cada vez mais levar a Igreja para fora das igrejas. Ir ao mundo e aí ser o coração de Cristo que ama cada pessoa. E isto não é só missão de padres, mas de todos os baptizados. TODOS! Aliás é próprios dos leigos a secularidade = ser Cristo no meio do mundo.
Estava num restaurante onde outas pessoas também almoçavam. A TV estava ligada e decorria o telejornal. De repente, fez-se um silêncio que, como onda, se estendeu a todo o espaço. Procurei entender o motivo. Todos fitavam a televisão. O que era? Noticiavam-se os preparativos para a beatificação de João Paulo II.
A informação acabou e na mesa ao lado, onde estavam 4 homens e duas senhoras, a conversa era agora o falecido Papa. Os elogias brotavam rasgados e convictos. Um deles afirmou em voz decidida: "Nem era preciso que a Igreja o declarasse santo. Para mim ele já o era." Os outros acenaram em sinal de concordância.
Só era desnecessária a forma menos abonatória com que se referiram a BentoXVI ao compará-lo com João Paulo II. No Céu, o Papa polaco não terá certamente apreciado estas críticas ao seu sucessor, até porque infundadas.
JPII era especial. Transbordava bondade. Nem todos os papas são santos. Lá em cima JPII intercederá pelo seu sucessor. Eu tb gosto mais de JPII e não vejo mal nisso.
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