O Futebol Clube da Vida defrontou o Sport Clube da Morte no Estádio Esperança, completamente à pinha.
Era o jogo mais aguardado de sempre. Televisões de todo o mundo levaram o espectáculo a muitos milhões de pessoas.
As equipas alinharam:
O jogo foi frenético e o resultado parecia incerto.
O Sport Clube da Morte apresentou-se num esquema ofensivo, com quatro avançados, enquanto o Futebol Clube da Vida alinhou num esquema mais equilibrado, com três médios e três avançados.
A equipa da Vida desenvolveu um futebol harmónico, onde a solidariedade entre os seus membros, o espírito de sacrifício, a garra e a entreajuda foram uma constante. O desportivismo foi evidente e não se vislumbrou qualquer violência. Foi uma equipa alegre, entusiasta, serena.
A equipa da Morte, embora aparentando unidade, deixava escapar a cada passo um individualismo feroz, onde cada membro procurava evidenciar-se mais do que o outro. Chegaram a atropelar-se gravemente para não deixar que o outro brilhasse. Em cada jogada ficava a marca de uma violência gratuita e atentatória da dignidade dos atletas oponentes.
Um famoso jornal desportivo, A Gazeta da Verdade, numa classificação de 0 a 10, atribuiu 10 pontos a cada atleta do Futebol Clube da Vida, enquanto aos do Sport Clube da Morte atribuiu um ponto aos defesas e zero aos médios e avançados, escusando-se a fazer uma apreciação individual, porque achava que a palavra “monstros” dizia tudo. Em relação aos desportista do Clube da Vida, escreveu:
- Teresa de Ávila: uma guardiã serena, decidida e valente. Impecável.
- Raul Follereau: após um início em que revelou alguma contenção, desprendeu-se e fez todo o seu corredor com imensa classe. Seguro a defender e precioso a atacar.
- Pedro: o esteio da defesa. Mesmo massacrado pela forma suês como os avançados contrários encaravam as jogadas e o atingiram loucamente, nunca se deixou abater. Foi um autêntico capitão.
- Paulo: um verdadeiro estratega. O público chamou-lhe – e com razão – o Beckenbauer da equipa. Sempre no sítio certo, os seus passes, curtos ou longos, pareciam teleguiados. Fez desmarcações de levantar o estádio.
- Óscar Romero: de início algo circunspecto, mas contagiado pelo clima da equipa, desinibiu-se e realizou uma exibição tremenda a ponto de ser um dos mais massacrados pelas entradas brutais dos oponenntes. Educada mas frontalmente, muitas vezes chamou a atenção do árbitro para as entradas maldosas da equipa da morte.
- João Paulo II: um médio com um fôlego fantástico, sempre em todo o lado, ocorrendo cirurgicamente a todas as situação, com arte, com engenho.
- Teresa de Calcutá: atleta que, pela sua simplicidade, imaginação e arte, levantava a multidão mal pegava na bola. Muleta constante da defesa e do ataque, nunca virou a cara à luta e a todos socorreu nos momentos de adversidade.
- Gandhi: fantástico! Embora muito provocado pelos oponentes, nunca respondeu na mesma moeda. Um autêntico corredor de fundo.
Hélder Câmara: a princípio, muito certinho, mas sem grandes rasgos. A partir de certa altura, soltou-se e encheu o campo de magia. Cada jogada parecia um poema!
Luther King: massacrado pela rudeza dos oponentes, nunca virou a cara à luta. Os seus centros deixavam estonteados os defesas e muito contribuiu para o êxito da sua equipa.
João XXIII: o ponta-de-lança da equipa. O público, recordando o antigo avançado da selecção nacional, José Torres, chamava-lhe carinhosamente o “Bom Gigante”. Apesar da brutalidade da defesa adversária, nunca se intimidou. Cada remate! E como ele segurava a bola para que os companheiros a recebessem e pudessem rematar! Marcou, espectacularmente, o golo da vitória. Muitas foram as vezes que o seu treinador, Jesus de Nazaré, habitualmente muito sereno no banco, veio até à linha lateral bater palmas ao seu ponta-de-lança.
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