segunda-feira, 25 de abril de 2011

Três casos

1. É uma mulher nova. Embora com ascendência nesta zona, nasceu, viveu e trabalhou numa grande cidade até há pouco.
O desemprego bateu-lhe à porta e ficou aflita. Por falta de perspectivas, veio para a  terra de seus pais. E agora? Que fazer? Notou que faltavam pessoas para trabalhar no campo e viu aí uma saída. Nem sabia o que era uma enxada... Mas como a necessidade aguça o engenho, depressa aprendeu. É hoje uma pessoa muito solicitada para o trabalho agrícola de onde colhe os meios para viver.
Diz que gosta do que faz e mostra-se contente com a nova ocupação, frisando o contacto coma natureza e a liberdade que a nova actividade lhe possibilita.
Quando lhe dizem que o trabalho exige mais esforço físico, é menos limpo do que a anterior ocupação na cidade, responde que a limpeza está na dignidade e que o esforço físico lhe poupa o ginásio... Quanto ao ordenado, embora menor do que aquele que outrora auferia, acaba por ser superior, uma vez que na província a vida é mais barata do que na cidade e sem as solicitações consumistas de uma  grande urbe.

2. Era Sábado Santo. Uma zeladora acabara de enfeitar o seu altar e preparava-se para fechar a porta da Igreja. Nisto aparece um casalinho de namorados que lhe pergunta se não seria possível entrar. Embora com pressa, a zeladora não quis deixar de atender ao pedido que tão educadamente lhe havia feito o casalinho. Pensava ela que seriam turistas que queriam ver o monumento.
Ficou surpreendida quando viu aquele rapaz e aquela rapariga ajoelharem e recolherem-se em oração por mais de 10 minutos.
Por fim, e revelando sempre imenso respeito pelo espaço sagrado, deram uma visita ao templo, pedindo algumas explicações à zeladora. Pararam ao fundo da Igreja e deram uma vista de olhos ao placard onde depararam com o cartaz do Centro Paroquial, solicitando mais alguns informações. Afirmaram então que, embora jovens e desadinheirados, queriam deixar também o seu contributo, perguntando à zeladora onde o poderiam deixar.
Muita da juventude actual anda a leste de Deus, porque criou ou deixou que lhe criassem outros deuses que servem caninamente. Os resultados estão à vista. O vazio de Deus é ocupado por coisas, situações e acções escravizantes.
Jovens, ainda não estais cansados da ausência de Deus em vossas vidas???

3. O pai havia fechado o negócio para a compra de um carro novo, procurando compatibilizar o preço e os gostos  familiares com o dinheiro disponível para o efeito.
Aquele modelo agradava a todos, só que a versão não contemplava de série alguns extras da modernidade como GPS e outras tecnologias supérfluas, mas que tanto entusiasmam a gente nova. Adquiri-las fazia disparar o preço do carros em centenas de euros.
Bem tentou o pai explicar ao filho mais velho que não seria compatível com o orçamento familiar a aquisição de tais extras. Que não senhor, tinha que ser, ripostava o rapaz. Como o que não tem remédio remediado está, o pai acabou por levar o carro sem os tais extras. Resultado: durante uma série de dias o jovem nem sequer falou para o pai...
Há excepções, mas uma parte significativa das crianças, adolescentes e jovens nem sequer caiu na real, comporta-se como se vivêssemos em tempo de "vacas gordas". Poupar? Trabalhar mais? Saber domesticar a propaganda consumista em vez de ser domesticado por ela? O que importa é ter o telemóvel da moda, o computador da moda, a playstation da moda, a roupa da moda, os adereços da moda. Comer as comidas da moda, frequentar a night da moda, gastar o dinheiro mesmo fora de moda... Entretanto, segundo se ouve, cada vez menos se interessam pelas actividades escolares, cada vez se mostram mais insolentes e indisciplinados, sem mínima preocupação com o amanhã. Interessa beber hoje o copo todo, sem se preocupar que depois o podem encontrar sempre vazio...
E os pais? Que dão aos filhos? Regras? Transmitem valores? Explicam as situações? Oferecem tempo, carinho, espaço e interesse? Ou procuram abafar a ausência disto tudo enchendo-os de coisas que estão fartos de saber que não lhes poderão dar?
Já não falo na desgraça dos políticos que temos para quem os jovens só interessam porque lhes podem dar votos. Dizer-lhes a verdade? Tá quieto!!!

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