No post anterior, fiz referência a um casal fantástico que, em nome da sua fé, desenvolve um trabalho admirável numa aldeia perdida na Serra do Caldeirão.
Sem pretender ser exaustivo e retirar toda a profundidade do exemplo deste casal, levanto apenas algumas questões:
1. Muitos que ferozmente defendem o celibato, entre os argumentos que apresentam, está a disponibilidade do padre celibatário para o serviço das pessoas e da comunidade.
O exemplo deste casal rebate com a vida o argumento teórico. São casados, têm duas filhas e um trabalho admirável nos campos pastoral, litúrgico e sócio-caritativo.
2. Quem apostou e desafiou para a missão este casal foi um antigo bispo do Algarve. Os nossos bispos estão atentos à vida das comunidades e às pessoas? Ou nas visitas pastorais passam pelas comunidades como "gato por vinha vindimada"?
3. Que lugar dá a hierarquia aos leigos? Fala-se continuamente das vocações sacerdotais e religiosas. E dos leigos? Que formação lhes é oferecida? Confia-se neles? Reconhece-se a especificidade da sua missão como no-la apresenta o Concílio? Que se tem feito para desmistificar a ideia que continuamente atravessa a comunicação social, restringindo a Igreja à hierarquia? Aproveitam-se as grandes peregrinações para ajudar os leigos a compreender e a vivenciar a sua missão como Igreja que são?
4. E os leigos? Querem assumir-se como Igreja que são? Estão disponíveis para a formação e para a missão? Ou ficam-se por um certo tipo de anticlericalismo, pois é mais fácil criticar do que assumir?
5. Pela minha experiência de contacto com vários blogues, noto que são lidos os posts que abordam temáticas relacionadas com os padres...
Mas quando se abordam temas que têm a ver com os leigos, esses posts não merecem importância. Porque será?
Os leigos são a esmagadora maioria na Igreja!!! Penso que parte deles sabe muito bem qual a missão do padre, mas porventura desconhece qual a missão dos leigos na vida da Igreja e no mundo...
6. O vídeo em que intervém aquele casal algarvio revela gestos e atitudes plenos de humanidade por parte da Cláudia e do Albino Martins. A maneira como estão com os idosos, os gestos de atenção que patenteiam, a proximidade que evidenciam, a vivência quotidiana que os leva a estar junto das pessoas... Não ganharia a Igreja imenso em humanidade se os seus leigos assumissem cada vez mais a frente do apostolado, do testemunho, da direcção e da missão?
7. Apesar da diversidade de tarefas, este casal não se escusa em tal para fugir ao testemunho da fé. No vídeo vê-se o Alberto a rezar o terço com os idosos. Só uma pergunta: quantos Provedores das Santas Casas o fazem? Mas as Misericórdias não fazem parte da Igreja?
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