“A dignidade e o trabalho
na Doutrina Social da Igreja”
Vivemos um momento da história em que são muitas as realidades concretas que põem em causa a dignidade da pessoa: as situações de subemprego, o pluriemprego, ou desemprego mexem connosco…, e vão fomentando o medo, particularmente entre os que vivem na pele os salários em atraso, a precariedade, os recibos verdes. Perante estas e outras dificuldades, às vezes desanimamos! Apesar de tudo, como cristãos devemos estar conscientes que “a dignidade pessoal de cada ser humano exige o respeito, a defesa e a promoção dos direitos da pessoa humana” (Christifideles Laici, 38).
No que toca ao trabalho existem duas concepções: a da sociedade, do empregador, que em certos casos pressupõe apenas a maximização do lucro e pouco tem em conta a dignidade do trabalhador e faz do trabalho um meio de opressão da pessoa. A outra concepção do trabalho é a da Igreja e dos cristãos para quem o trabalho dignifica e é um meio para continuar a colaborar na obra da Criação. Neste sentido o trabalho, apesar da fadiga e cansaço a ele associado, permite a realização do homem, enquanto homem e eleva a dignidade da pessoa. O trabalho tem que ser um direito fundamental da pessoa e não um previlégio de alguns, como parece começar a ser com o aumento dos níveis de desemprego. Na concepção eclesial do trabalho, o trabalho é para o homem e não o homem para o trabalho (Laborem Exercens nº 6). Nesta lógica não faz sentido excluir os que não são suficientemente produtivos (como os deficientes), ou os que se tornaram desnecessários (como os desempregados). As pessoas têm que ser os factores mais importantes. O direito ao emprego, a um salário justo e a um conjunto de regalias sociais, como o descanso semanal, ou anual, … devem ser critérios de sociedade justa.
Neste contexto, de que forma nós cristãos vamos conseguindo fazer o anúncio de esperança numa sociedade diferente? Somos grupos de pressão, de denúncia de situações injustas? Como Igreja, como cristãos temos o dever de denunciar tudo aquilo que ponha em causa a dignidade humana. Apesar das dificuldades, é preciso continuar a acreditar num futuro melhor para todos: como diz a canção: “Porque os outros se calam, mas tu não!…”
Sem comentários:
Enviar um comentário
Nota: só um membro deste blogue pode publicar um comentário.