sexta-feira, 8 de abril de 2011

Aproveitar o FMI

Quando a Banca sentiu apertar o garrote da crise, o Governo foi obrigado a pedir ajuda e a acabar com a pantomina patriótica de Sócrates. Não há nenhuma tese conspirativa: quem financia esta política e este Estado disse basta e a festa acabou. Venha, portanto, o FMI para fazer o trabalho que há muito deveria ter sido feito pelo Governo sem tanta dor.

Com este apoio vem também um ‘pacote’ de austeridade que vamos todos pagar. É uma factura certa e segura, não tenhamos ilusões. Poderia ser relativamente mitigada se tivéssemos a consolação de ver associadas aos cortes orçamentais medidas legislativas ou outras que tornassem mais eficaz o combate à fraude, à evasão fiscal, à corrupção, ao enriquecimento ilícito, ao desperdício, etc.

Medidas que acabassem com o sentimento de impunidade reinante em matéria de criminalidade económica e financeira. Que não permitissem utilizar o sigilo bancário de forma dilatória, como ainda acontece nas investigações de branqueamento. Que também não consentissem aos bancos vender produtos em sucursais situadas em paraísos fiscais quando o poderiam fazer em território nacional, evitando que as investigações bloqueassem em ordenamentos jurídicos de países hostis à cooperação. Já agora, podiam pensar nisto.
Eduardo Dâmaso, in Correio da Manhã

Sem comentários:

Enviar um comentário

Nota: só um membro deste blogue pode publicar um comentário.