Na homilia da missa de abertura do ano judicial, que decorreu hoje de manhã, D. José Policarpo partiu da leitura do Evangelho das Bem-Aventuranças para traçar um retrato do estado actual do país, muito além do sistema de Justiça. Em alusão às manifestações da Geração à Rasca, que juntaram 300 mil pessoas, o cardeal-patriarca enviou mesmo um recado ao poder político: «É um erro histórico não ouvir as multidões. A reivindicação é clara: querem caminhos renovados de construção de justiça».
Perante as palavras proferidas durante a homilia, é inevitável pensar também na polémica que tem envolvido juízes responsáveis por alguns dos processos mais mediáticos, como é o caso do Face Oculta. «Bem-aventurados aqueles que sofrem, que são perseguidos, por causa da justiça. A todos os obreiros da justiça, no nosso país, eu digo: se estiverdes entre esses que sofrem, tende coragem, não desanimeis, porque está-vos destinado o Reino dos Céus», incitou D. José Policarpo.
Mas o cardeal-patriarca deixou claro que «um serviço judicial é apenas um meio nesta busca de justiça». Para D. José Policarpo, «um Estado de Direito é apenas uma dimensão de uma sociedade justa, onde a dignidade do homem seja respeitada e promovida». A justiça, reforçou, «exige renovação interior do homem».
Durante a celebração religiosa, o cardeal-patriarca mostrou que a realidade vivida por Jesus, há dois mil anos, não é muito diferente da actualidade portuguesa: «Povo sobrecarregado de impostos, limitado na sua identidade espiritual».
E perante a crise que o país vive, incentiva os portugueses a unirem-se para a construção de uma sociedade justa: «Este clamor colectivo tem de ser escutado, tem de nos mobilizar a todos para sermos justos».
Fonte: aqui
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