quarta-feira, 4 de junho de 2008

Ali o sofrimento e a esperança escorrem

Seja que hospital for. Não me sinto confortável. Aquele ambiente faz-me sentir menos bem. Ainda hoje tive que sair para vir cá fora tomar ar...

Mas o hospital obriga-nos a entrar em contacto com a fragilidade da vida. Um amigo médico costuma dizer: "Andamos presos por frágeis e invisíveis fios que a qualquer momento se podem partir..."

Ali o sofrimento escorre, muitas vezes misturado com uma pintinha de esperança. Sente-se nas pessoas amarradas às camas das enfermarias; palpa-se nos rostos de tantos visitantes. Ainda hoje, ao subir no elevador, um rapagão segurava um ramo de flores e, embora sua simpática namorada tudo fizesse para o afagar, notava-se o sofrimento por baixo de um sorriso de ocasião. É que mãe é mãe!

O hospital leva-nos a tomar consciência da vida e sobretudo do saber viver. Quantas pessoas podiam evitar momentos de dor se as estradas fossem locais de cidadania, se os vícios não subjugassem, se os ritmos do corpo e da alma fossem respeitados, se a alimentação fosse correcta, se ...? É que se Deus perdoa sempre, as pessoas às vezes, a natureza nunca nos perdoa.
Só verdadeiramente nos apercebemos da importância de algo quando o perdemos.

O Hospital faz-nos apreciar a importância dos pequenos detalhes que tantas vezes, no dia-a-dia, nos passam ao lado. O carinho, o sorriso, o gesto, o serviço e dedicação, a palavrinha oportuna e sobretudo a riqueza de saber escutar.

Mas o hospital é também lugar de esperança. Sente-se na força de vontade de tantos acamados, no olhar dos visitantes, no esforço e dedicação de tantos profissionais da saúde. E a esperança comanda a vida.

Muito obrigado a tanta gente que amavelmente me tem transmitido a sua amizade e solidariedade. A operação, segundo o médico correu bem. Mas sabemos também que só muito dificilmente minha mãe voltará a andar. Confio, contudo. Deus é grande!

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