A liberdade ou a falta dela foi tema de conversa nas férias. E por vezes acalorada. Passaram-se coisas este ano na política que todos pensávamos arrumadas de vez. E muitos criticam e com razão.
Claro que há sempre quem defenda a situação. O nosso partido e o nosso chefe estão sempre acima de toda a crítica, julgam alguns.
Vários casos que se passaram lembram o antigo regime. O de Salazar e de Marcelo Caetano.
Quem pense que, naquele tempo, todos eram sujeitos à vigilância dos "bufos" está enganado. Grande parte das pessoas nem dava por nada nem queria saber. O que preocupava era o custo de vida e a falta de dinheiro. Ou a ida dos filhos para a guerra ou para o estrangeiro para fugir à mesma. Segurança até havia, ao contrário de hoje. E quanto à liberdade só davam pela falta dela os funcionários públicos e os que tinham uma missão de formar ou informar. Muitos dos que trabalhavam na comunicação social, os políticos da oposição e poucos mais já tinham sentido na pele o que era ter ideias contrárias ao chefe e sobretudo aos seus lacaios.
Em conversas com pessoas de diversos sectores fui-me dando conta do medo que se apossou de muita gente: professores, militares, funcionários de repartições, etc.. O caso do professor Charrua foi o que iniciou o ciclo do medo. Mas outros se seguiram. E as pessoas têm medo porque o seu emprego pode estar em risco e não é fácil arranjar outro.
Foi também o medo que construiu o antigo regime. Hoje estamos em democracia e as pessoas que estão à frente do país estão a prazo. Mas há sempre o perigo de os "saneados" de hoje serem os "saneadores" de amanhã. A mentalidade autoritária vai-se formando assim. E há mais gente no país contra a liberdade do que muitos pensam. Se um partido como o Partido Socialista se cala e até consente que alguns dos seus apaniguados dêem este espectáculo de favorecimento do medo, há que temer pelo futuro da liberdade. Vemos como mau augúrio o silêncio dos que noutras ocasiões menos graves nunca se calaram.
In Amigo do Povo
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