Nasci no dia 13,
fui ordenado no dia 15.
Maria, discreta e fiel,
foi presença desde sempre.
Há 46 anos disse “sim” com tudo:
alma limpa, coração ardente,
cheio da alegria da primeira hora.
Cristo era a paixão maior —
e continua a ser.
A vida ensinou muito.
Erros, insucessos, esperas…
mas também bênçãos sem fim.
Foi Deus quem me sustentou,
não os meus méritos —
mas a Sua graça.
Amo o povo que servi.
Não me sinto incompreendido,
sinto-me acolhido.
Mesmo quando nem todos veem
no padre mais do que um “funcionário”,
sei que muitos me quiseram bem.
E eu a eles.
Mas digo com verdade:
a Igreja — estrutura —
tantas vezes não cuida dos seus padres.
Pede muito, escuta pouco.
Fala de serviço,
mas esquece quem serve.
E é preciso saber sair a tempo,
antes que o corpo e o ânimo se arrastem.
Sair com dignidade,
sem que isso pareça desistir.
Sou padre para sempre,
não pelo cargo,
mas por amor a Cristo.
Hoje, como há 46 anos,
é Ele a razão do meu caminho.
A Ele, gratidão.
Ao povo, carinho.
À Igreja, um apelo:
cuidem dos padres.
Somos humanos,
não máquinas de sacramentos.
E que Maria, que me viu nascer e ordenar,
continue a guiar os meus passos —
até ao último dia.
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