quarta-feira, 18 de junho de 2008

Quando um jogo de futebol é mais importante do que a mãe

No bolg http://migalhassaopao.blogspot.com/, vem este impressionante testemunho. Com a devida vénia, quero partilhá-lo com os meus amigos.
Sendo esta uma zona de intenso fluxo migratório, seria bom que os migrantes - e não só - pensassem um bocadinho na atenção, carinho e delicadeza que os pais merecem. É que "filho és, pai serás; conforme fizeres, assim acharás".
O caso narrado no blog referido é muito mais frequente do que se imagina.
Ora leiam.

"Uma vida passada no estrangeiro: como emigrantes. Muito trabalho, poucas férias. Dois filhos. Lá os foram educando conforme o tempo e as possibilidades o permitiam. Chegado o tempo da reforma, o casal volta para a sua terra. Os filhos ficaram no país que os viu nascer e crescer.
Vêm a pensar gozar a reforma o melhor possível. Tinham o direito a isso. No entanto, sempre com uma vida regrada.
Mas... uma doença grave coloca a mulher de cama, donde nunca mais sairá. Um tumor a invade por completo de um momento para o outro. Os filhos são avisados: vêm cá passar uma semana.
A médica diz que a senhora está a necessitar de muito afecto e espera que os filhos lhe tragam o afecto necessário.
Primeira tarde de visita: chegam, dizem "boa tarde" e encostam-se à parede do quarto. Olham constantemente para o relógio. Passado 1/4 de hora dizem que têm de ir embora. "Mas ainda agora chegaram e já se vão embora!?!?", diz o pai. Eles replicaram: "Já te tínhamos dito que iríamos estar pouco tempo: temos de ir ver o jogo de Portugal!"
A noite é toda passada no jardim da casa a beber cerveja... a comemorar. Os vizinhos nem querem acreditar!
Durante os dias de estadia, o pai nunca é convidado para tomar seja que refeição for com eles. Retiraram todo o ouro que a mãe possuía. E lembram o pai de que era preciso dividir o dinheiro.
E lá partiu esta mãe, carente do afecto dos filhos.
E lá partiram eles com os bolsos cheios. Até sempre!"

2 comentários:

  1. Este país parece ser apenas futebol e pouco mais...Tudo pára! Os noticiários enchem-nos os ouvidos com informação mais do que repetida.Seremos surdos ou burros para nos dizerem tantas vezes a mesma coisa? O resto do mundo parou? Como é que há gente que fica inúmeras horas, dias inteiros até, em frente aos hoteis para ver os jogadores? Não trabalham? Não descansam? Se esperam meia hora num consultório médico já estão a lançar impropérios... Já fomos "de brandos costumes". Agora somos brandos para o que nos corre bem e costumes é coisa do antigamente, o único que sobreviveu foi o dos filhos ficarem com o que é dos pais. Afectos? O que é isso? Alguém sabe como está o jogo? Portugal venceu? Porreiro....................................................................................................................................
    Gente pequena!!!

    Beijinho sereno

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  2. Oportuníssima reflexão, Ana Patrícia! Muito obrigado por mais esta excelente participação.
    Somos uma sociedade de superficialidades onde o afecto, a gratidão, os valores não cabem. Uma sociedade alienada, sem horizontes, sem humanidade, sem Deus.
    Este episódio não é isolado. Quem está no palco da História sabe que não. Infelizmente.
    Valha-nos a esperança do mundo novo que há-de vir.
    Muita paz.

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