domingo, 15 de junho de 2008

Na família, nem tudo o que luz é ouro...

Parecia uma família exemplar. Aqueles oito filhos, mesmo depois de cada um seguir a sua vida, continuavam a encontrar-se sobretudo em volta das suas grandes referências: o pai e a mãe. Brincavam imenso, os sobrinhos eram imensamente bem acolhidos, telefonavam-se muitas vezes, cultivavam gestos de amizade, mormente pelo Natal e aniversários.
A determinada altura, o pai é acometido por um problema grave de saúde e cai na dependência.
À primeira vista não haveria problemas quanto ao acompanhamento do pai. Então uma família tão unida, tão solidária... Só que houve mesmo! Uns achavam que o pai deveria andar ao mês pela casa dos filhos; outros achavam que era melhor colocá-lo em apoio domiciliário; havia quem entendesse que o doente deveria ficar em sua casa e cada filho aí fosse cuidar dele um dia da semana; outros ainda opinavam que deveria ir para casa de um dos filhos e os outros apoiariam economicamente.
O problema não era fácil, até porque alguns filhos estavam na emigração ou viviam longe da casa dos pais. Numa coisa todos teoricamente eram unânimes: a prioridade era o pai. Era preciso respeitar a sua vontade e tudo fazer para que ele se sentisse bem. Iam entretanto repetindo que filhos eram oito e não só aqueles que viviam mais perto, todos tinham obrigação.
Alguns disponibilaram-se a colaborar economicamente, outros não, que não podiam; havia quem garantisse o seu dia de apoio semanal e que os restantes fizessem o mesmo. havia quem se disponibilizasse a ficar com o pai em sua casa ou ir apoiá-lo em casa dele, mas precisava que os outros ajudassem monetariamente e, subsidiariamente, prestassem também ajuda no tratamento do doente. Uma confusão! Para além do que era dito, precisava de se ler nas entrelinhas...
Uma filha desabafa: " Éramos tão unidos e mal surgiu um problema, parece que tudo se desmorona! Estou muito desiludida com a situação."
Infelizmente situações como esta são mais comuns do que aquilo que se julga. Irmãos muito unidos, muito amigos, mas surgem as doenças, as partilhas ou uma dificuldade inesperada e tudo se desmorona.
É nas dificuldades que se vê a temperatura de uma amizade. É diante das dificuldades que é testada a força da união. Ser amigo quando tudo é fácil e nada se nos exige... pode ser uma ilusão de amizade.
O mundo familiar não escapa a um arreigado individualismo socialmente reinante. Tudo está bem desde que não me chateiem, desde que não me entrem no bolso, desde que os outros façam, desde que o meu ponto de vista seja aceite... Exactamente o contrário do espírito familiar.
"Família, torna-te aquilo que és: comunidade de vida e de amor!" - João Paulo II

1 comentário:

  1. Quando cometemos erros,devemos reflectir sobre eles e tentar consertálos.
    Esta será a melhor forma de conseguir união.
    Nossa vida so faz sentido quando
    melhoramos a de outra pessoa.
    Estou convicto que esse PAI,com todo o seu AMOR preservará para sempre esse aroma familiar.
    Essa familia voltará novamente a sorrir ,e ser unida.
    È esse o meu desejo.
    Um abraço.
    Armando Gouveia.

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