“Temos que aprender a escutar as crianças. Escutá-las não quer dizer obedecer-lhes, nem tão pouco responder afirmativamente a todos os seus desejos. Devemos aprender a escutá-las, para que elas aprendam também a escutar os adultos. Só se as escutarmos, poderemos saber aquilo que se passa com elas. Ao falar, ensinamos a falar. E ao escutar, ensinamos a escutar.Nós, adultos, só poderemos captar os seus medos, os seus complexos, as suas inseguranças e os seus receios se as escutarmos atentamente. Uma lição sem escuta prévia acabará por cair em saco roto.É preciso escutar as crianças, porque nelas subsiste uma dose imaculada de inocência. Dizem o que pensam, expressam de forma espontânea o que têm dentro, fazem afIorar as contradições em que os adultos caem. Por vezes, são incómodas, fazem-nos corar, quebram tabus, e nós, bem lá no fundo, pensamos que seria melhor se elas se calassem! Mas, precisamente por isso, há que escutá-las: são apóstolos da inocência. Esta transparência dói-nos, porque nos faz ver que o mundo que construímos poderia afinal ser outro” (Francesc Torralba, A arte de saber escutar, Ed. Guerra e Paz, Lisboa 2010, 121-125).
E pode mesmo, se ainda houver quem escute as crianças; e se porventura ainda houver daqui a algum tempo crianças para escutar! “Este é o Meu Filho único, escutai-O”! Escutai-O.
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