segunda-feira, 21 de setembro de 2009

O resto é paisagem...

Situação difícil. Atinge gente normalmente mais idosa, com menor poder reivindicativo e mais acomodada no tocante a exigências. Gente que trabalha imenso. Estou a referir-me aos agricultores desta região.
A cereja ficou nas cerejeiras. Ninguém a quis. E era normalmente este fruto que trazia o dinheiro para começar as pagar as despesas com sementes, adubos e tratamentos. Igual sorte teve a pêra joaquina e a ameixa. A maçã está a ser levada pelos comerciantes, tantas vezes sem preço garantido. Receberão o que lhes derem... Quanto às uvas, acontece exactamente o mesmo que à maçã. Por isso, alguns farão outra vez o vinho em casa na esperança que apareça um comprador. Quanto à batata, nem é bom falar. Aos preços que correm, não dá para pagar à mulher que a apanha quanto mais ao resto.
Felizmente que a Natureza até foi generosa no que diz respeito às colheitas. O pior é o resto!
Quem fala na agricultura nesta campanha política??? E no estado miserável em que esta actividade se encontra, nada mais resta aos mais novos do que abandonar a terra e emigrar.
Indústrias não há. O comércio está em baixo. A indústria turística não arranca. E sem trabalho, as pessoas não se fixam, logo não compram casa, o que acarreta crise para a construção civil que ainda ia oferecendo postos de trabalho.
Realmente este interior parece de vez afastado das preocupações dos políticos. Lá está. Para eles o país resume-se à faixa de 20km ao pé do mar. O resto é paisagem...
Gente crente e ligada à Igreja, estas pessoas precisavam exactamente que os seus Pastores fossem a sua voz para que também o interior tivesse vez e voz. Mas os nossos Bispos assim não entendem...

4 comentários:

  1. Ah, Sr Padre, os nossos bispos, os nossos bispos...
    Calaram-se na altura do referendo encapotado sobre o aborto, não esclareceram, nem mandaram esclarecer, e o resultado viu-se...
    Calam-se perante as graves injustiças sociais, ou, quando acham que devem falar, jé é muito tarde... e sem resultados práticos.
    Há quem diga que alguns estarão até submetidos à maçonaria, tal como aconteceu por altura das guerras liberais entre os apoiantes de D. Miguel e D. Pedro...
    Seja como for, como católico não me revejo nalgumas tomadas de posição de parte da hierarquia.
    Muitos não primam pela humildade. Comportam-se como homens do mundo. E à procura dos prazeres do mundo... Mas neste mundo precisamos de pastores que nos indiquem o caminho do Céu. Sobretudo através do seu exemplo. E da oração.
    Evágrio Pôntico

    ResponderEliminar
  2. Caro senhor Evágrio Pôntico:

    Obrigado pela sua visita e pela colaboração através do comentário deixado.
    Há um ponto no seu comentário com que concordo: "Calam-se perante as graves injustiças sociais, ou, quando acham que devem falar, jé é muito tarde... e sem resultados práticos." Muitas vezes tenho no meu pobre blog manifestado posição semelhante.
    Pelo que eu conheço - logicamente que não conheço tudo nem todos - penso que os nossos Bispos são homens de oração e procuram ser cativantes. Conseguem? Às vezes muito mel também enjoa...
    A humildade, rainha de todas as virtudes, faz falta a todos: leigos, padres, religiosos, bispos. A Igreja só ganha quando todos ganharmos "toneladas de humildade", como ainda referia num domingo destes, quando partilhava a Palavra com a comunidade que sirvo.
    Penso que não estou enganado. Não estou a ver nenhum dos nossos bispos ligado à maçonaria.
    "Comportam-se como homens do mundo. E à procura dos prazeres do mundo..." Aqui também discordo do bom amigo. Pode dar a impressão de algum jet set na Igreja - às vezes tenho essa impressão - mas mundanismo penso que não.
    Abraço em Cristo, o Senhor da nossa Fé.

    ResponderEliminar
  3. Senhor Padre Carlos,
    agradeço a resposta que se dignou dar ao meu comentário, sendo que este reflecte o pensamento de muitos leigos empenhados.
    É evidente que, graças a Deus, temos homens santos na Igreja, e muitos deles são bispos!
    Mas, infelizmente, há alguns que se comprometem em demasia com o mundo. Talvez para agradar, para cativar. Não sabem que por aí não vão a lado nenhum...
    Mas nós queremos bispos que não pactuem com as políticas de circunstância. Queremos firmeza e a indicação segura do caminho.
    Quanto à maçonaria, essa diabólica seita, lamento dizer-lhe, senhor Padre João - e com todo o respeito o faço -, que não esteja tão certo de que não haja fumo de satanás por detrás de alguma murça episcopal... Apesar do que a maçonaria pretende fazer crer, com a revelação - por pura e maquiavélica táctica - de alguns nomes (por sinal gente de muito má índole) de políticos ligados às "lojas", essa seita é secreta, como secretos (e tenebrosos) são os seus planos...

    Retribuo o Abraço em Cristo Jesus.

    Evágrio Pôntico

    ResponderEliminar
  4. A Agricultura é um sector fundamental na economia portuguesa, ou deveria dizer que foi um sector fundamental??? É pena que hoje tenham vindo a público notícias de que Portugal recebeu um puxão de orelhas de comissão europeia pelo mau uso que fez dos apoios comunitários para este sector. Mas se por um lado o governo tem culpa nesta situação, por não apoiar devidamente os agricultores, por outro lado, as "empresas" que escoam produtos agrícolas deveriam apostar mais no que é nacional! Todos sairiam a ganhar...As empresas passariam a apostar em produtos de qualidade superior, os produtores viam os seus produtos ser vendidos, receberiam o respectivo dinheiro, poderiam investir noutros produtos ou diversificar a sua oferta, poderiam criar emprego...criava-se assim uma espécie de economia interna...
    Pena que o capital domine o nosso dia-a-dia e o objectivo seja sempre facturar mais e mais com os menores custos...tb aqui não há solidariedade!!!!

    ResponderEliminar

Nota: só um membro deste blogue pode publicar um comentário.