Otelo Saraiva de Carvalho morreu em 25 de julho de 2021, aos 84 anos, no Hospital das Forças Armadas, em Lisboa, onde estava internado há cerca de 15 dias. O velório realizou-se na terça-feira, na Igreja da Academia Militar, em Lisboa, e o funeral no dia seguinte.
O coronel arquitetou a estratégia militar da revolução do 25 de Abril de 1974, liderou o COPCON durante o período do PREC e foi membro das FP-25.
Otelo Saraiva de Carvalho foi uma das principais figuras do Movimento dos Capitães, que depois se viria a transformar no MFA, e seria ele a planear e a dirigir as operações militares da revolução dos Cravos, a partir do quartel da Pontinha.
Apesar do papel fundamental na execução da revolução, Otelo Saraiva de Carvalho estava longe de ser uma figura consensual no país, sobretudo devido à sua participação nas FP-25, organização terrorista de esquerda radical que atuou em Portugal durante as décadas de 1970 e 1980 e fundada no período pós-revolucionário.
As FP-25 foram responsáveis por mais de uma dezena de mortes em vários atentados e assaltos.
Otelo Saraiva de Carvalho foi condenado a 15 anos de prisão pelos crimes da associação terrorista no final da década de 1980, tendo cumprido pena de prisão, até que a Assembleia da República aprovou uma amnistia para os elementos das FP-25 que estavam presos.
Depois da revolução do 25 de Abril, Otelo Saraiva de Carvalho candidatou-se por duas vezes às eleições presidenciais. Em 1976, nas primeiras eleições em democracia,ficou em 2º lugar com 16,46% dos votos, apenas atrás de Ramalho Eanes. Em 1980, ano da reeleição de Ramalho Eanes, obteve 1,49% dos votos, ficando em terceiro lugar.
Só a distância dos factos possibilitará à História a pronúncia clara e independente sobre a figura e o papel de Otelo.
No presente, o subjectivismo impacta fortemente a análise. Há quem o endeuse e há quem o demonize.
Se o seu papel fulcral na revolucão abrilina é conhecido e exaltado pelos democratas, a sua ligação às FP-25, semeadoras de morte e destruição, é condenável à luz da democracia e da paz cívica.
Não esqueço o seu contributo para a democracia através da sua intervenção na Revolução do 25 de Abril. A experiência histórica diz que a democracia é o melhor regime conhecido para o desenvolvimento da pessoa humana e da sociedade. Disse um dia Winston Churchill que "a democracia é o pior dos regimes, à excepção de todos os outros".
A sua ligação às FP-25 é um facto que o realismo de análise não pode esquecer... Nem aplaudir!
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