Não gosto de lugares-comuns nem embarco na moda do política ou socialmente correto. Também não alinho na teoria de que “não se caçam moscas com vinagre”. Até porque o ambiente onde elas prosperam é de todo desagradável, pouco recomendável. E não consigo ficar indiferente ao modo como a humanidade caminha, para onde os mais novos nos arrastam, sobretudo os adolescentes e jovens.É bonito (atrai simpatias e votos) agitar chavões: “os jovens são o futuro”; “temos de acreditar nos mais novos”; “é preciso dar-lhes oportunidades”; “é importante ouvir os jovens”. E, na Igreja: “temos de dar-lhes mais atenção, ouvir as suas propostas”. No entanto, poucos são capazes de colocar o dedo na ferida e identificar o modo como vivem, os critérios que presidem às suas escolhas, ações, reações e interações.
(1) EGOCÊNTRICOS
É uma geração centrada no próprio umbigo, totalmente dependente do esforço (trabalho, sacrifício, renúncia) dos pais e avós. Algum tempo atrás, todos os membros procuravam contribuir para o bem da família; hoje, os “velhos” esfarrapam-se para satisfazer os caprichos dos mais novos. E até as economias obtidas num eventual “part-time” são para sustentar interesses pessoais: férias, roupa, passeios, desportos, smartphones, etc. Não caem no bolo familiar.
Os mesmos que se mobilizam para destruir pretensos símbolos (estátuas) do colonialismo ou segregação são, dentro da própria casa, os primeiros opressores, segregadores e exploradores, usando (e abusando) do amor incondicional dos seus. Até ao despautério de atirar à cara: “não te pedi para nascer”, “é a tua obrigação”. Que credibilidade tem uma geração cujo interesse das próprias ações é sobretudo atrair a atenção para si? Muitas das suas iniciativas (voluntariado) são usadas como trampolim para “marcar lugar”, ganhar protagonismo, dar visibilidade, encantar os mais incautos, desbravar caminho para outros poleiros.
(2) CORPÓREOS
A obsessão pelo corpo é notória. Tornou-se o principal argumento de interação social, condição de aceitação ou rejeição (própria ou dos outros). Crescem, por isso, os gastos (investimentos) com ele, já que instrumento de conquista, trabalho e valorização: cabeleireiros, ginásios, salões de beleza, cirurgias plásticas, cosméticos, aparelhos dentários, roupas, sapatos, adereços.
“Diz-me o corpo que tens e dir-te-ei onde chegarás”, balbucio. “Cada um usa as armas que tem”, respondem. A diferença vem do modo de avaliar o uso: se a prostituta “vende o corpo” é uma vergonha, se a “acompanhante de luxo” “aluga o corpo” é uma mulher inteligente, bem-sucedida; se um homem procura uma prostituta, “é um porco”, se financia luxos e serviços de uma mulher bem-parecida (exploram-se mutuamente), é um sortudo.
(3) ATEUS (SEM-DEUS)
Os jovens não querem Deus e muito menos a Igreja. “Fazem a doutrina” porque obrigados e na expectativa de que não lhes seja barrado a acesso a alguns serviços religiosos socialmente enraizados. Na verdade, desconhecem a Sagrada Escritura, ab-rogam Dogmas e Mandamentos, confundem Deus com “energias” ou ressurreição com reencarnação, adotam filosofias de vida anticristãs (reiki, yoga, cartomancia, astrologia) e desprezam os sacramentos (Eucaristia, Matrimónio) ou usam-nos de acordo com interesses (utilidades) muito próprios.
Reféns de um mundanismo feroz, idolatram cantores, jogadores, atores, youtubers e sobretudo o próprio umbigo (ególatras). Jesus, Maria ou os Santos, ao invés de exemplo e modelo de vida, são usados para pedir/pagar favores e pôr velas (poluir o ambiente). No resto, não são tidos nem achados, até porque as opções e prioridades da vida destoam completamente da proposta deles emanada.
Amigo não é bater nas costas, mas chamar à razão. Amigo não é alinhar em modas, mas alertar para os perigos. O futuro não se faz com este(s) presente(s). A desfaçatez de uns e o oportunismo de outros, a inoperância de uns e o arregimento de outros estão a criar gerações vazias, incultas, ingratas, daninhas para a humanidade. Os sinais andam por aí e ninguém os quer vê, porque prefere ser agradável, não “criar anticorpos”:
- Pais violentados, explorados, assassinados pelos próprios filhos;
- Jovens que matam (esquartejam) outros sem qualquer remorso;
- Aumento exponencial de suicídios (“onde está o temor de Deus”);
- Assaltos, desobediência civil, crime organizado;
- Perseguição e violência contra as forças de segurança;
- Crianças vítimas dos próprios pais;
- Casamentos (ajuntamentos) e divórcios (afastamentos) “à la carte”.
Pessimismo? Não, realismo. Se não houver uma concertação de esforço por parte de todos, a tendência será piorar. Abram os olhos. Há anedotas facilmente verídicas:
- Avô, fecha os olhos?
- Fecho os olhos, porquê?
- Porque o meu pai disse que quando fechasses os olhos íamos ficar bem na vida.
(P. António Magalhães Sousa), aqui
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