sexta-feira, 10 de outubro de 2008

Falsas estatísticas

A Diocese de Angra do Heroísmo veio há uns tempos desmentir falsas estatísticas sobre o casamento católico nos Açores, pois os números do Instituto Nacional de Estatística (INE) veiculados pela comunicação social apontam apenas 299 matrimónios religiosos celebrados em 2007, quando na realidade foram feitos mais de 800. Aquele Instituto de Estatística fala de um total de 1304 matrimónios em 2007, em que mais de 1000 foram feitos apenas nas Conservatórias de Registo Civil, o que daria, de acordo com as mesmas notícias, uma percentagem de apenas 22,9% realizados pelas Igrejas.

Isto só vem confirmar aquilo que aqui escrevi há uns anos: as estatísticas muitas vezes só servem para enganar as pessoas.

Creio que isso é mesmo verdade dum modo especial no que se refere às estatísticas sobre os casamentos católicos. Por um lado os casamentos feitos na igreja não contam para estas estatísticas se os noivos já tiverem casado pelo civil, por outro muitos padres nem sequer mandam as actas desses casamentos para o civil, pois acham que isso não adianta nada. E os que lidam com isto sabem que há bastante gente a casar primeiro pelo civil e depois é que começa a preparar as coisas para o casamento na igreja. E conheço casos de pessoas que já fizeram dois, três, e até mais casamentos pelo civil, o que acaba por deturpar também os dados.

Quanto a haver menos gente a casar, ninguém se espante. Nos últimos anos o casamento tem sido bastante desvalorizado pelos governantes, a ponto de os direitos de quem casa serem quase os mesmos de quem vive junto. Depois a facilitação do divórcio tem concorrido para o pouco valor que muita gente dá ao casamento.

No entanto, continuo a dizer – e muitos bispos o afirmam também – que, apesar de tudo, ainda há demasiada gente a casar pela igreja, pois não tem sentido fazê-lo se um e outro noivo estão completamente afastados da vivência da fé cristã. Claro que o que se diz do casamento diz-se de muitas outras coisas, como o de baptizar os filhos em criança, receber outros sacramentos, ser padrinho, etc., etc.. A coerência não fica mal a ninguém! E os cristãos que o são de verdade sabem que viver conjugalmente sem o sacramento também é uma incoerência.
In O Amigo do Povo

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