quarta-feira, 12 de setembro de 2007

O Governo sai à rua

Hoje muitos ministros e secretários de estado foram a várias escolas deste país.
Para alguns, tratou-se de mera propaganda política, fazendo das escolas locais de comícios; para outros, foi a maneira de os governantes apoiarem, motivarem e incentivarem as comunidades educativas neste arranque do ano lectivo.

Algumas reflexões me sugeriu este dia:

1. Não ouvi nenhum governante dizer aos alunos que têm que estudar. Que sem esforço individual, sério e continuado, o sucesso escolar será sempre uma miragem. Por mais computadores que se ofereçam. Que é preciso educar para os valores, sem os quais o homem se transforma em robot.
Por que razão os nossos governantes não dizem a verdade aos jovens!? Parece-me simples: querem os votinhos!!!

2. Gostei da ideia de a escolaridade obrigatória se estender ao 12º ano a breve prazo. Aliás, esta ideia nem sequer é nova. Mas uma escolaridade a sério, com margem de escolha para os alunos, atendendo à especificidade de cada um. Com cursos técnicos a valer. Porque não a reimplantação das escolas comerciais e industriais em termos modernos???

3. Enquanto não combatermos seriamente a exclusão social, não será fácil o sucesso escolar. Num país com 2 milhões de pessoa à boca da pobreza, como podemos estranhar o abandono e insucesso escolares?

4. Há factos que o governo dá como adquiridos e realmente não estão. Ouvimos os responsáveis apregoar alto e bom som que as aulas de substituição foram uma grande reforma deste governo. Mas não é verdade. De modo nenhum. Só que o governo mete a cabeça na areia por uma questão de propaganda política. As aulas de substituição, tal como estão, são um foco permanente de mal-estar nas escolas. Para alunos e professores. Só pensa o contrário quem não tem nenhuma experiência do que é um turma.

5. Este governo, por obras, manifesta uma enorme indiferença perante o interior do país. Que obras tem realizado ou projecta realizar no interior?? Não se apercebe do número crescente de portugueses que, à semelhança dos anos sessenta, abondona silenciosamente o interior, partindo para a emigração externa e interna???
O encerramento de escolas nas aldeias, transferindo os alunos para centros escolares, é uma machadada enorme desferida por quem devia apoiar a fixação de pessoas no seu meio, criando-lhes condições. E depois crianças pequeninas, levadas para fora das suas famílias, desde alta manhã até à tardinha... Isto chama-se tirar os filhos da família. Parece-me ser o estilo comunista, tal como o víamos referenciado nos antigos países comunistas.
Então uma escola primária com dois ou três alunos tinha razão de existir? Penso que não. Mas partir daqui para arrebanhar todos os alunos de um concelho numa única escola parece-me claramente um abuso.

6. Quando é que este governo começa a apoiar decididamente os professores? Certamente que a postura anterior da ministra da educação não ajuda. Sem autoridade, sem professores dignificados, motivados e apoiados não é possível uma educação com sucesso.

7. Há que revalorizar a família como agente principal da educação. Penso que a família tem que assumir cada vez mais responsabilidade pela correcta conduta dos seus filhos e pelo sucesso escolar dos mesmos. Há que ajudar os pais a serem pais a sério e não "papás"!!!
Os pais não podem ver a escola "como depósito de alunos". Têm que apelar à fantasia de principais educadores.

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