A diferença entre Passos e Costa não é só ideológica; é estética.
Nos tempos em que Portugal imprimia moeda, a austeridade tinha outro sabor: os salários podiam ser intocáveis, mas a inflação roubava o que tinha a roubar pela porta do cavalo e ninguém relinchava. António Costa pertence a esta escola: as suas medidas de austeridade (ou de ‘rigor’, para usar a nova gramática) limitam-se a subir impostos (ou a ‘agravá-los’, como agora se diz) em sectores tão etéreos como os combustíveis, as empresas ou a banca. Na realidade, os impostos de Costa atingem o investimento, o crescimento e o custo de vida – mas a ilusão permanece entre o zé-povinho porque os portugueses sentem que ninguém lhes mexe no bolso. No fundo, e sem possibilidade de usar as rotativas, Costa devolve com uma mão o que a economia real rouba com a outra. Ao contrário do que se diz, a diferença principal entre Passos e Costa não é só ideológica; é estética. Quem sabe, sabe.
João Pereira Coutinho Correio da manhã 06.02.2016, aqui
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