Embora um líder político, que se candidata a primeiro ministro, tenha clara obrigação de conhecer o ponto em que se encontra o país, ainda se pode admitir que, dadas as situações imprevistas e o contexto internacional, certas promessas não possam ser de imediato cumpridas e até tenham que ser retocadas. Passas Coelho prometeu não subir impostos e subiu-os; prometeu não mexer no 13º mês e subsídio de férias e mexeu, etc.
Agora há decisões completamente incompreensíveis face a promessas da campanha eleitoral durante a qual Passos Coelho prometeu acabar com as nomeações políticas.
O «Diário de Notícias» noticiou este domingo que Eduardo Catroga, Celeste Cardona Paulo Teixeira Pinto, Rocha Vieira, Braga de Macedo e Ilídio Pinho são alguns dos nomes propostos à Assembleia Geral de Accionistas para integrar o Conselho de Supervisão da EDP. Nestes nomes que vieram a público é evidente a identificação com os dois partidos do governo, com o PSD e com o CDS.
Há tempos, coisa parecida havia acontecido em relação à Caixa Geral de Depósitos.
No consulado Sócrates, toda a gente denuncia os "Jobs for the Boys". Passos veio ao encontro do justo sentir popular e prometeu, esclareceu, denunciou. Até prometeu legislar sobre este assunto, embora a posterior lei não tenha sido tão isenta quanto o desejável, uma vez que lá ficou assinalado o critério governamental como decisivo na nomeação.
Está-se agora a ver onde foram parar as promessas! Depois não gostam que o povo diga que "os políticos são todos iguais" e o que querem "é poleiro"...
Sem falar aqui nas promessas ainda não cumpridas referentes à segurança e de pessoas e bens e à actividade agrícola de que já falei num post recente.
Na noite de hoje a comunicação social deu a conhecer duas realidades contrastantes. Trabalhadores de um empresa manifestavam-se, muitos chorando, pedindo que lhes fossem pagos os ordenados em atraso, pois a sua situação estava a tornar-se insuportável. A outra situação era a informação de que não pára de subir o número de reformados com "reformas milionárias".
Mas há lugar neste momento e neste país para alguém receber uma "reforma milionária"? Isto é social e eticamente um erro tremendo! No Portugal de hoje, não existem condições para alguém usufruir uma reforma para além dos dois mil euros.
Com casos de desemprego galopante, de fome, de miséria, de desespero; com uma classe média afogada em impostos e esvaziada de meios, como pode ser compreensível a existência de tantos casos de reformas milionárias?
E será esta uma reforma assim ( limites nas pensões) tão difícil de fazer?
A paciência para este pesadelo sem fim parece estar a esgotar-se.
ResponderEliminarPortugal é o único país da UE onde a austeridade castigou mais, os mais pobres do que os mais ricos.
Armando Gouveia