Atrás do balcão, Marcos olhava a rua. 0 movimento esteve fraco na sua loja o dia inteiro. De repente, uma miudinha aproximou-se e colou o rosto no vidro da montra. Os seus olhos brilhavam e tinham um rumo certo: um colar de turquesa azul. Entrou na loja e foi directa ao balcão.
— Quero aquele colar azul. E para a minha irmã, pode fazer um embrulho bem bonito?
Desconfiado, o dono da loja olhou para a menina e perguntou:
— Quando dinheiro tens tu?
A miúda colocou a mão no bolso, tirou um saquinho de pano e despejou em cima do balcão algumas moedas.
— Isto dá? — perguntou orgulhosa.
Completou:
— Quero dar um presente à minha irmã mais velha. Quando a minha mãe morreu, ela ficou sozinha a cuidar de nós. Não nos abandonou em nenhum momento e sempre nos deu muito carinho. Agora é o aniversario dela e tenho a certeza de que ela ficará feliz com o colar que é da cor dos seus olhos.
Marcos retirou-se por alguns instantes e voltou de seguida com um embrulho bonito, um papel brilhante enrolado com uma fita azul.
— Toma, mas leva com cuidado — disse o homem.
Ela saiu saltitante, feliz por ter encontrado o presente perfeito para a sua irmã.
Ainda no mesmo dia, algumas horas mas tarde, entra na loja uma linda jovem, de cabelos longos e com uns belos olhos azuis.
Colocou sobre o balcão um embrulho que foi logo identificado pelo dono da loja. — Este colar foi comprado aqui?
— Sim — respondeu.
— E quanto custou?
— Bom — hesitou — o preço de qualquer produto da minha loja é guardado entre mim e o cliente.
— Mas a minha irmã não tinha dinheiro, a não ser umas quantas moedas. Ela não teria dinheiro nem para uma bijutaria, quanto mais para comprar um colar legítimo. Como é que ela pagou?
Marcos pegou no embrulho. Fechou e enrolou novamente a fita com cuidado. Devolveu à jovem e disse:
— Ela pagou o preço mais alto que qualquer pessoa pode pagar. Ela deu tudo o que tinha.
PARA REFLECTIR
Duas atitudes merecem grande destaque nesta parábola. Primeiro a do vendedor. Dificilmente presenciaremos uma acção assim na nossa sociedade. A sua comoção e iniciativa de presentear alguém que nunca viu antes, que não faz parte do seu círculo de amigos, é maravilhosa. Quão diferente seria o mundo se existissem pessoas com esse espírito de doação e generosidade. A atitude de maior destaque, no entanto, é a da menina. Ingenuamente, procura o presente mais bonito para agradar a sua irmã, a quem tanto deve. A sua inocência rompe a resistência do dono da loja e quebra os padrões de uma sociedade materialista. A sua preocupação não é o dinheiro, mas a felicidade da pessoa mais importante da sua vida: a sua irmã.
NÓS deveríamos aprender com esta atitude, aprender a valorizar mais as pessoas que fazem parte de nossa vida, aprender a dar tudo o que temos para levar a alegria aos nossos irmãos, pais, filhos, amigos...
Retirado do livro Parábolas sobre a Fé
Ir. Darlei Zanon, PAULUS Editora
Como habitualmente, acompanhamos com muito interesse os blogues do reverendo amigo Pe. Carlos.
ResponderEliminarEsta estória, como tantas outras que aqui temos lido, é provocante. Sabemos quantas coisas, pessoas, e vidas se compram e se vendem. Infelizmente.
Mas, no fim, o que vale é o que se construiu por amor, o que não tem preço, a dádiva aos outros. Ao jeito de Jesus, gastar a vida a favor dos outros... Não é fácil, mas é o caminho que nos conduz a Deus, através dos outros...
É bem certo!O que conta é a intenção e generosidade das pessoas, e ter a sorte de quem as ouve, terem sensibilidade para comprender o seu gesto e ler na alma nobre o sentimento que a move,tendo também um bom sentimento e riqueza de espírito para o valorizar, não importa se ficas prejudicado, o importante é fazer alguém Feliz!
ResponderEliminar