domingo, 28 de fevereiro de 2010

Mas não gostava de ser eu a dizer não

Tem sido um tempo cansativo. Primeiro, aquela acção pastoral "Eucaristia com Famílias" que se estendeu pelos vários povos da Paróquia. Não foi só realizá-la. Foi preciso dá-la a conhecer - até porque era uma experiência nova entre nós -, motivar as pessoas, trabalhar com os colaboradores, ajudar estes a divulgar a acção.
Depois a preparação. Criar materiais ao nível do áudio-visual, organizá-los e preparar a sua visualização. Criar o boletim de apoio, organizá-lo e fotocopiá-lo.
Ainda o stress. Será que vai correr bem? As pessoas vão aparecer? Corresponderemos às suas expectativas? Conseguiremos uma experiência marcante ao nível da vivência humana e cristã da família como "espaço de amor e de vida"?
Por último, a realização da acção. Dar o litro. Estar todo naquele momento. Vivê-lo como único e com a humildade de quem serve.
E tudo isto sem deixar de realizar as restantes actividades inerentes à vida paroquial e outras que se tornaram imperativas da caridade, como o peditório para o Haiti e a motivação para se ajudar o pequeno Pedro.

Logo a seguir, veio o início da Quaresma. Preparar o boletim desta época litúrgica para entrega a cada pessoa. Pensar em algo de novo que, no contexto da vivência quaresmal, pudesse ajudar a comunidade a caminhar. Foi aqui que surgiu a ideia da Oração da Quaresma em Família e do projecto de conversão pessoal em sigilo. Há que explicar muitas vezes e da várias maneiras. Há que fornecer a tal oração a cada um.
Surge neste contexto quaresmal, a Exposição diária do Santíssimo Sacramento nos nove lugares de culto da Paróquia. Mais uma vez a motivação e a explicação, o contacto com os colaboradores e a harmonização de trabalho com o senhor Diácono. Estive em todas, rezando, proclamando a Palavra, celebrando.
Então este último sábado, nem lhes conto! Adoração do Santíssimo na Capela do Lar onde estava, por ser o último sábado do mês, um grupo de crianças a animar a Eucaristia. Na mesma assembleia, os idosos e as crianças. Também alguns pais. Foi preciso ter grande presença de espírito para atender a tanta diversidade quer na adoração quer na celebração.
Logo a seguir, a Eucaristia na Igreja com crianças, seguida da Exposição do Santíssimo e um tempinho de adoração com os pequenos. Quando saí para a Eucaristia em Gondomar, parecia que a cabeça me estoirava...
Hoje a Eucaristia na Igreja, depois em Teixelo e por último na Igreja outra vez. Esta com as famílias que perfazem este ano 25 ou 50 anos de casamento. A seu tempo, foi enviado um convite pessoal a cada uma destas famílias. Para este dia, elaborei uma folhinha de apoio para os casais participarem devidamente na renovação das suas promessas matrimoniais. Deu-me especial preocupação a homilia e outras intervenções. Sem descurar a temática para este domingo, era preciso ter em conta estas famílias. Ah! Sem demorar demais...
E ainda os mais de 40 doentes que visitei durante a semana da Exposição do santíssimo na companhia simpática de elementos do GASPTA. Dentro do espírito do slogan deste tempo litúrgico: "Somos comunidade no serviço da caridade". Adoramos Cristo na Eucaristia e servimos Cristo nos irmãos doentes.
E hoje, quando pensava que teria uma tarde mais sossegada, eis que no fim da Missa das 11 horas, um elemento do Conselho Económico me avisa que o temporal havia feito estragos na Capela de Santa Helena. Claro que já nem consegui almoçar sem ver no próprio lugar o que acontecera. Cruz da Capela derrubada e partida em bocados e parte do telhado espalhada pela Serra. Tudo o que seja destruição em Santa Helena me magoa fortemente.

Sou dos que pensam que, quando se cria uma coisa, é para lhe dar continuidade. Ou então estamos a defraudar expectativas, direito que não nos assiste. É o caso dos blogues, este e o da Paróquia. Se quis que eles aparecessem, não posso abandoná-los ou aparecer casualmente. Se critico tanto isto noutros blogues, não posso preceder coerentemente dessa maneira.

É sempre assim. Quando se anda mais cansado e sobrecarregado é que aparecem mais questões. Eu sei que não é por mal, mas às vezes até parece que fazem de propósito. Assuntos que podiam perfeitamente ser tratados noutra altura... Mas não, é agora! As pessoas lembram-se e pronto! Não se pensa nos outros. E se há pessoas que têm obrigação de estarem bem informadas, as desta comunidade são umas delas. Com boletins, jornais, blogues, comunicações orais...Vivemos numa sociedade em que o mundo tem o tamanho do nosso umbigo!

Há dias, um paroquiano amigo alertava-me para o facto de eu já não ter trinta anos. E aconselhava: "O senhor tem que se habituar a dizer não em nome do respeito que deve a si mesmo. É que se não for o senhor a fazê-lo, as pessoas continuam a exigir-lhe o mesmo que exigiam há 20 anos atrás! Infelizmente, somos assim..."
Tem alguma razão este amigo. Mas não gostava de ser eu a dizer não; gostava mais que fossem as pessoas a compreender os limites a que a idade nos força e que todos trabalhassem mais um bocadinho. Era bem mais fácil para todos!

Mas tirando a lógica preocupação com Santa Helena, sinto-me contente e gosto do que sou. Agradeço a Deus a sua misericórdia e a Ele humildemente me entrego. Agradeço a tanta gente que colabora e, com a sua dedicação, mais me motiva. Depois, dentro de mim, ergue-se convictamente a esperança: não nos cabe colher, só semear. Só a Deus compete a colheita. Sei que Ele fará a parte mais difícil.

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