"Sou catequista há 10 anos, comecei aos 18. Gosto muito deste meu serviço, que faço por Jesus Cristo e pelos meus catequizandos. No presente, estou com o 1º ano, já que, no ano passado, estive com o 10º. No meu grupo de catequese, é assim. Salvo raras excepções, um catequista pega nos meninos no 1º ano e acompanha-os até ao 10º ano.
Confesso que cada ano que passa se torna mais difícil. Os miúdos mais irrequietos e barulhentos, menor capacidade de concentração e bastante amorfos a toda a motivação. Dentro das minhas limitações, procuro preparar bem as sessões de catequese, tendo o cuidado de seleccionar os materiais que acho adequados.
Mas o que está a piorar mais a situação é a posição de muitos pais, não todos felizmente. Ou não colaboram, ou aparecem para criticar, barafustar, exigir e até denegrir.
Já tive a tentação de desistir. " Então uma pessoa está aqui gratuita e generosamente, a quer colaborar com os pais na educação humana e cristã dos seus filhos, e depois recebe como recompensa a indiferença, a crítica baixa e o insulto!? Hum, não vale a pena! Eles que catequizem os filhos, que a primeira obrigação pertence-lhes!"
Mas depois pensei que desistir era covardia. Os problemas não se vencem, desistindo, mas enfrentando-os. Que eu estava ali por causa de Cristo. Que ser baptizada era ser apóstola. Que a comunidade precisava de mim neste serviço. E continuo com a melhor vontade."
O testemunho desta catequista leva-me a enunciar uma série de pinceladas rápidas.
- Os primeiros e principais responsáveis pela educação cristã de seus filhos são os pais. Foi isso que assumiram quando celebraram o seu matrimónio e quando baptizaram os filhos.
- A catequese paroquial vem em auxílio dos pais, ajudando-os a cumprir a sua missão de educadores da fé.
- "Quem meu filho beija, minha boca adoça", diz o povo. A gratidão dos pais para com quem ajuda os filhos a crescer humana e espiritualmente deve ser permanente. Ainda mais quando se trata de catequistas, porque o fazem gratuitamente.
- Chega de "papás" e de "mamãs"! Precisamos - e os filhos ainda mais- de PAIS E DE MÃES a sério. Pais que assumem o seu papel de adultos junto dos filhos. Pais que educam. E EDUCAR É MUITAS VEZES CONTRARIAR!!! Pais que amam mesmo, e porque amam, educam na e para a exigência.
- Enquanto os catequistas tentam formar cristãos, do outro lado temos alguns pais que apenas querem "coleccionar" sacramentos (comunhões, crisma, etc). Sacramentos sem muita catequese são como visitas aos museus de olhos vendados!
- Meninos que vão à catequese e depois não participam na Eucaristia. São como jogadores que treinam, treinam, treinam, mas depois se recusam a jogar... Para quê o treino então??? Claro que se os pais não vão, não os acompanham à Eucaristia, o esforço da catequese para que os mais novos frequentem cai por terra. É que o exemplo é tudo...
- Muitos pais vivem hoje o "complexo da psicologite". "Ai, não se pode olhar com olhar ameaçador para a criança!... Ai, não se pode ralhar com a criança... Ai não se pode aplicar um castigo à criança!... Pode ficar traumatizada!" Está bem. Continuem assim! Amanhã quando "elas vos cairem no lombo", acordareis. Mas então só recebereis o que semeates. Pena é dos que sofrem pela vossa incúria.
- Pais que só aparecem na escola para saber as notas e na catequese para saber se o menino faz as comunhões. Nunca se preocupam com o importante! Se o filho falta ou não falta, que apoio é preciso dar, se ele se comporta bem, se é colaborante, se é educado... Esquecem que pode ter muitos cursos superiores, mas se não tem educação, poderá ser um monstrozinho... Os casos não faltam na comunicação social.
Mais de acordo não podia estar.
ResponderEliminarMuito tem de mudar nesta geração de "papás". E sabe que mais? Algumas das vezes são os filhos que lhes dão grandes lições de vida.
Esperança numa nova geração... mais responsável, mais exigente consigo própria, e menos com a vida que nos acontece por acaso!
Se me fiz entender.
Bom fim-de-semana.