quinta-feira, 23 de julho de 2009

A propósito do comunicado da Comissão Nacional da Pastoral da Saúde

1. Uma senhora perguntou-me ontem como lidar com o dinheiro no peditório da Missa. Falava assim a propósito das recomendações da Comissão Nacional da Pastoral da Saúde que divulguei no último domingo.
"É que - dizia ela - o dinheiro é das coisas mais 'porquinhas' e se nos é sugerido que comunguemos na mão, que não beijemos no abraço da paz e não metamos a mão na pia da água benta, muita mais razão há para não pegarmos no dinheiro, até porque na ocasião não podemos lavar logo as mãos.
Disse-lhes que iríamos pensar no assunto e que encontraremos no devido tempo as melhores soluções.

2. Meus senhores, entendam-se, mas não criem confusões nas pessoas.
De um lado, temos o comunicado da Comissão Nacional da Pastoral da Saúde, em que este organismo da Conferência Episcopal Portuguesa aconselhou os sacerdotes a distribuírem a comunhão na mão e os fiéis a evitarem o beijo na saudação da paz. Do outro lado, aparece o comunicado enviado aos sacerdotes da diocese lisboeta por D. José Policarpo que fez questão de esclarecer que as regras são determinadas pelos bispos nas dioceses e pela Conferência Episcopal em todo o País e que "a liturgia, se for celebrada com qualidade e rigor, garante, ela própria, os cuidados necessários [para evitar a transmissão do vírus H1N1]".

Afinal em que ficamos? Parece-me que a Conferência Episcopal não fica nada bem neste retrato...
E depois "quem se lixa é o mexilhão", o mesmo é dizer, os párocos, colhidos no meio deste fogo cruzado.

4 comentários:

  1. Eu não sei, mas acho que andamos todos demasiadamente assustados...Vamos deixar de viver por causa da gripe??? No fim de semana passado estive no Porto, na casa diocesana de Vilar, numa formação ao nível da catequese. Os trabalhos acabaram com a Eucaristia e na hora de me abeirar da sagrada Comunhão, notei, por um mero acaso, até porque não costumo reparar nisso, que tanto o senhor padre como quem estava ao lado olharam para mim de uma forma esquisita...Não liguei, e mesmo depois de ver toda a gente a estender a mão, eu estendi a língua, porque sempre assim o fiz! Só quando cheguei a casa compreendi o olhar estranho de ambos, afinal tinha sido recomendado que se recebesse a comunhão na mão...ups, lá devo eu ter metido mais umas minhoquinhas na cabeça pelo menos do senhor padre e do acólito! :)
    Não se estará a exagerar??? Não sei...esclareçam-me, por favor!!!

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  2. Ana Patrícia:
    O comunicado da Comissão Nacional da Pastoral da Saúde pode lê-lo neste blog, no post " Paróquias recebem conselhos sobre a Gripe A".

    O Comunicado do Patriarca de Lisboa pode lê-lo aqui: http://www.agencia.ecclesia.pt/cgi-bin/noticia.pl?id=74222

    Bom, o comunicado Comissão Nacional da Pastoral da Saúde aponta conselhos, não obriga ninguém.
    O que quer dizer que se uma pessoa quiser comungar na boca ninguém a poderá forçar a comungar na mão.
    Pessoalmente penso que são orientações com algum interesse, desde que não sejam seguidas com fundamentalismo. Já diz o povo "cautelas e caldos de galinha nunca fizeram mal a ninguém". Contudo há que respeitar a sensibilidade das pessoas, usando sempre de todos os cuidados, logicamente.
    Nos primeiros séculos do cristianismo, ninguém comungava na boca. Esse costume entrou na Igreja na altura da grande cristande, quando todos eram cristãos por envolvência social, mesmo que sem ou mínima convicção. O que originou abusos e profanações. Daí, naquele tempo, a imposição da comunhão na mão.
    Não só a língua, não só a mão, todo o nosso corpo é fruto do poder criador de Deus. Todo ele é sagrado.
    Por outro lado, dar de comer à boca é uma atitude que pode soar a mais infarilidade, aos bebés é que é dada a comida à boca. Uma pessoa adulta normal - também na fé - come pela sua mão... Isto penso eu.
    De qualquer maneira que fique claro que ninguém pode impor a ninguém a comunhão na mão. Cada pessoa, depois de informada opta e há que respeitar.
    Pode, caso se avance para uma pandemia com milhões de contaminados, a Igreja "forçar" a comunhão na mão durante tal catástrofe. Mas para já não é o caso.
    Penso tê-la ajudado. Oxalá!
    Muita paz.

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  3. Olá! Sim, ajudou :) mas fiquei a pensar... :) "dar de comer à boca é uma atitude que pode soar a mais infarilidade, aos bebés é que é dada a comida à boca. Uma pessoa adulta normal - também na fé - come pela sua mão..."
    Hmmm... :) vou reflectir, vou reflectir ... :):):):):):)

    Beijinho sereno e obrigada!!!

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  4. Santíssimo Padre!
    Penso que a Comissão Nacional da Pastoral da Saúde, por uma questão de pretenso "aggornamiento" (que sabe a colaboracionismo), se excedeu na recomendação, de modo que esta até é lida como se fora um preceito. Padre católico desempoeirado disse mesmo que quem não a seguir comete pecado.
    As recomendações genéricas de cautela e até aconselhamento de acatamento das instruções da DGS são salutares. As especificações são inadequadas e fautoras de pânico desnecessário. As pessoas que se reconheçam suspensas de infecção é que devem tomar a iniciativa dos ditos cuidados, bem como, por seu turno, os agentes públicos em relação a si próprios, como profissionais de saúde e ministros da comunhão. Porém, fora destes casos, só as autoridades sanitárias é que têm competências para obrigar a determinado tipo de actuação.
    E não pode ser tudo entendido como tendo a mesma força preventiva A título de exemplo, percebe-se o aconselhamento da comunhão na mão por razões de adultez humano-cristã e por motivos profilácticos. Já a saudação da paz através de inclinação de cabeça e sorriso soa a feitio típico do autor material da recomendação da CNPS.
    Por fim, o venerando Patriarca tem revelado alguma dificuldade em lidar publicamente com a diferença. Recordo como se demarcou quando o Presidente da CEP recebeu dirigentes sindicais, remetendo para o direito pessoal do Presidente de receber ou não grupos profissionais ou quando na discussão da IVG no tempo de Guterres comentou demasiado criticamente as posições do então bispo de Viseu, interpretando-as no sentido menos ortodoxo que o bispo lhes quisera dar.
    Se é certo que cada bispo é autoridade na sua diocese, nalgumas matérias mais melindrosas a CEP deveria funcionar em bloco. E não é o bispo de Lisboa, por maior dignidade que os títulos lhe dêem, que se pode sobrepor à CEP ou ao bispo de qualquer outra diocese. Só lhe cabe o direito meramente protocolar de precedência em razão do cardinalato e, segundo alguns, do satus patriarcal.
    Como dizia o velho Professor AAA do SML, arremedando-se a si próprio, NADA DE EXAGEROS!

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