Oxalá
que nesta caminhada sinodal "apareça um menino" que leve de vez
mitras, solidéus, anéis, vermelhos, báculos, batinas, cabeções...
Oxalá
que nesta caminhada sinodal "apareça um menino" que leve para sempre
carreirismos eclesiásticos para que fique limpo e transparente que a única
importância vem do serviço.
Oxalá
que nesta caminhada sinodal "apareça um menino" que leve para longe a
quintalização da Igreja para que esta se transforme em espaço de partilha de
bens, agentes pastorais e comunhão entre paróquias, dioceses e demais
estruturas eclesiais.
Oxalá
que nesta caminhada sinodal "apareça um menino" que faça desaparecer
o atavismo, a indiferença/alheamento, clericalismo dos leigos e assumam de vez
a sua vocação laical advinda do Batismo.
Oxalá
que nesta caminhada sinodal "apareça um menino" que leve para longe o
justicialismo mundano na Igreja e esta se torne casa e escola de misericórdia e
esperança para que a “Esposa de Cristo” nunca seja fim de estrada para ninguém.
Oxalá
que nesta caminhada sinodal "apareça um menino" que coloque no centro
do viver eclesial a Bíblia/Palavra de Deus. Acima, muito acima, absolutamente
acima do Direito Canónico está a Palavra de Deus, luz dos nossos passos pessoais
e eclesiais.
Oxalá
que nesta caminhada sinodal "apareça um menino" que leve para longe a
Igreja como estrutura de poder e de domínio, tal como os seus símbolos, títulos
e estruturas. Palavras como “monsenhor,
cónego, arcebispo, cardeal, dom, reverência, eminência. Para podermos ir à
simplicidade da missão: leigos, consagrados (irmão, irmã), diáconos, padres e
bispos. Todos em comunhão com o Bispo de Roma, o Papa.
Oxalá
que nesta caminhada sinodal "apareça um menino" que nos faça amar
radicalmente a vida, toda a vida: desde a sua concepção até à morte natural.
Por esta causa, a Igreja deve estar disposta a ir até à cruz.
Oxalá
que nesta caminhada sinodal "apareça um menino" que grave a letras de
fogo no coração das pessoas e da realidade eclesial a CONVERSÃO. “Convertei-vos e acreditai no Evangelho”,
foram as primeiras palavras de Cristo ao aniciar a sua vida pública. Sem a
conversão, persistem as acusações/recriminações entre leigos e ministros
ordenados, ministros ordenados e ministros ordenados, leigos e leigos. Todos
querem a mudança desde que seja para os outros. Mas por aqui, não vamos lá. A
conversão é uma realidade libertadora desde que assumida por cada um e por
todos.
Oxalá que nesta caminhada sinodal "apareça um menino" que nos faça abraçar a Igreja como “tenda de campanha”, como enviada às “periferias existenciais”, tanto nas vertentes interna como externa. Sim, interna. Como é possível que uma diocese possa estar por tempos e tempos sem que tenha o seu bispo? Além disto, urge que o povo de Deus tenha uma palavra na escolha do seu Bispo. Isto supõe refontalização, voltando aos tempos de Santo Ambrósio, São Brás, São Martinho de Tours…
Oxalá
que nesta caminhada sinodal "apareça um menino" que nos traga o fogo
e o vento do Espírito no qual fomos baptizados. O Espírito fala onde quer e
como quer. Ninguém é dono do Espírito. Auscultando os batizados podemos perceber
os gemidos que o Espírito dirige à Igreja.
Oxalá
que nesta caminhada sinodal "apareça um menino" que devolva o dom da
profecia e que retire a Igreja do castelo dos seus medos, das suas prudências, dos
seus comodismos, do mundamismo de agradar a todos, tornando-a voz e vez dos que
não têm voz nem vez. Urge uma Igreja pró-activa, deixando de ser apenas
reactiva e condenatória. Uma Igreja que anuncia, denuncia e se compromete com a
proposta do Evangelho.
Oxalá
que nesta caminhada sinodal "apareça um menino" que abra a Igreja ao
mundo. Fechada sobre si mesma, a Igreja divide-se, polui-se, pode tornar-se
autofágica. Aberta ao mundo, ela cresce, deixa de ser autorreferencial, tropeça
nos sinais dos tempos que a acordam.
Oxalá
que nesta caminhada sinodal "apareça um menino" que leva a Igreja ao
âmago dos Mandamentos, libertando-a da obsessão pelos 6º e 9º Mandamentos, abrindo-a
à totalidade da Mensagem, centrando-a no amor a Deus e ao próximo, onde a
Justiça Social seja uma preocupação e uma urgência para que a “Casa Comum” seja
um banquete para todos e não um privilégio de uns poucos, enquanto uma multidão
sofre de míngua.
Oxalá
que nesta caminhada sinodal "apareça um menino" que desperte a Igreja
que somos para a sua condição de pecadora. Se a Igreja é santa em Cristo, seu Fundamento,
seu Pastor e sua Meta, ela é pecadora nos seus membros. A consciência do pecado
abre para a esperança do perdão gratuito de Deus que sempre oferece nova
oportunidade ao pecador, desafiando-o, pela Sua Graça, à conversão contínua.
Oxalá
que nesta caminhada sinodal "apareça um menino" que nos lembre que os
olhos estão na cara para olhar em frente. Não desloquemos os olhos para a nuca
para olhar só para trás. O fundamentalismo e o ultraconservadorismo, focados
como estão em tradições e costumes, em dogmatismos históricos, em aparições, actualizam
muito do farisaísmo que condenou Jesus… Por outro lado, há que libertar a
vivência da fé dos emparedamentos do sempre foi assim, é costume, é tradição…
Uma vivência cristã que vá além do ram-ram, que se abra ao novo de Deus.
Oxalá
que nesta caminhada sinodal "apareça um menino" que nos motive a
retira as pedras de tropeço e arremesso. Citemos só um caso: serão precisos e
úteis os padrinhos de Batismo?
Oxalá
que nesta caminhada sinodal "apareça um menino “que nos devolva a beleza e
a grandeza dos Sacramentos como tempo e espaço da Graça de Deus. Se a Igreja é
para todos, não é para tudo. A celebração dos Sacramentos não pode ser um mero
acontecimento social e mundano.
Oxalá
que nesta caminhada sinodal "apareça um menino" que conceda um olhar
límpido e sereno que nos leve a descobrir
o que o Espírito inspira em questões como celibato sacerdotal, serviço ordenado
para as mulheres, os vários tipos de “família” hodiernos, organização
paroquial, formação dos vocacionados ao sacerdócio (Seminários? Que Seminários?
Outra forma de formação…)
Oxalá que nesta caminhada sinodal "apareça um menino" que nos lembre o fundamental: uma Igreja centrada e recentrada em Cristo. A Igreja existe por causa de Cristo, Cristo é a razão de ser da existência da Igreja. Fora de Cristo ou nas margens de Cristo, a Igreja resume-se a uma ONG.
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