terça-feira, 27 de maio de 2014

A Pia

Passei hoje pela minha terra natal. Além de visitar meu pai, estive no meu campito, no sítio da Pia,  para ver as arvorezitas. Durante muito tempo, esteve abandonado e as silvas cresceram loucamente até ao ponto de se tornar praticamente impossível penetrar naquele espaço. Sentia-me envergonhado com o ar abandonado do campito e resolvi, com o apoio e a generosa ajuda do compadre Teixeira, tratar do espaço. Destruído o matagal, tratada a terra, foram ali plantadas algumas árvores a quem tem sido dispensada atenção. Só que os velhos hábitos do terreno estão sempre a irromper. As plantas nocivas crescem a um ritmo infernal, enquanto as boas o fazem lenta e titubeantemente .
 Esta oliveira é uma desistente. 
Das que mais crescera, mas ao primeiro obstáculo, desistiu e foi-se. 
Bastou que um vento mais forte a tombasse, para ele deixar de quer viver.
 Este kiwi foi uma decepção. 
Parecia mostrar uma força de viver invencível 
e de um momento para o outro finou-se. 
Quem vê caras não vê corações...
 Este castanheiro  o rei do "poleiro". 
Cresce, cresce! Mas castanhas nem vê-las! 
Cresce-lhe o corpo mas diminui-lhe habilidade.
Muita parra e pouca uva...
 Valente! Esta promete um vagão de azeitonas. 
O melhor será negociar já com o exportador 
antes que me faltem celeiros para recolher tanto fruto!| 
Ahhhh
Está lindo o pequeno castanheiro e promete. 
Aguardo para ver de que qualidade são as suas castanhas. 
Serão longais? Pedrais? Judias? 
 Aleluia! Este meu limoeiro apresenta os primeiros limões da sua vida! Três. 
Vá, amigo, nada de desanimar! 
Espero que percas a vergonha e comeces a produzir como gente grande!
Alho, salsa e loureiro. Ingredientes da tradicional cozinha portuguesa. 
Loureiro já tenho...
 A figueirinha , embora novita, mostra a sua raça e diz ao que vem.
 É assim mesmo. amiga! 
De parasitas está o mundo cheio...
Esta desmiolada não tem vergonha. Só pensa nela! 
Três vezes que foi podada e não apanha juízo. 
Parece que quer levar os figos para o firmamento e deixar os mortais a penar...
Aterra, menina!
Valente, persistente, exemplar!
Foi arrancada e, por esquecimento, deixada abandonada.
Uma mão amiga replantou-a.
E ela agarrou-se à vida com todas as forças.
Esta nascente é de 8 ou de 80. Em pleno Inverno, 
uma bela belga de água. Mal sopram uns pingos de calor, 
vai-se até chegar a desaparecer quando mais era precisa. 
Cheira a falso amigo...
Flores. Um convite à festa, um hino à vida, uma força de esperança. 
Amigas árvores, amai a vida, porque no vosso campo há flores.
Um kiwi que é uma lição. Dos seus companheiros, bastantes secaram. 
Nas mesmas condições e passando os mesmos suplícios da sede, este vive e floresce. 
Dos fracos não reza a História...

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