terça-feira, 30 de março de 2010

Quando a víbora sai da toca

Quando se lê aquilo que vem na imprensa sobre a Igreja nestes últimos tempos, ninguém de bom senso pode deixar de ter direito à indignação.
Ao contrário de outras instituições, a Igreja sempre teve coragem de se assumir. Ela é santa e pecadora. Santa em Cristo que a sustenta; pecadora nos seus membros. Daqui aquele gesto profético de João Paulo II quando publicamente pediu perdão ao mundo dos pecados da Igreja cometidos ao longo do tempo. Que outra instituição o fez???

A propósito da pedofilia cometida por membros da Igreja, tem sido um regabofe.
1. Claro que a pedofilia é um crime hediondo, horrendo, seja quem for que o cometa. Como horrendos são outros ataques vis à dignidade da criança. Tráfego de crianças para:
- extracção e comercialização de órgãos;
- exploração sexual, prostituição e manipulação;
- fins bélicos;
- correios da droga;
- escravatura;
- etc
Igualmente é horrendo que 11 mil crianças morram de fome a cada dia. E isto perante a indiferença (salvo raras excepções) da comunicação social.

2. As pessoas impressionam-se com os números. Contudo um só caso que fosse já seria uma calamidade.
Mas se falarmos em número, então descobriremos que a percentagem de pedófilos ligados à Igreja é ínfimo em relação à pedofilia praticada por outras pessoas (pais, padrastos, irmãos, primos, vizinhos, conhecidos, colegas e outros grupos sociais, como artistas, políticos, médicos, professores, etc, etc).

3. Então qual o motivo desta fixação nos elementos ligados à Igreja?
- Claro que à Igreja se exige um superior estofo moral em virtude dos valores em que acredita e que transmite.
- Como diz o cardeal José Saraiva Martins, "também há uma maquinação" para atacar a Igreja", fruto de uma mentalidade contra os valores cristãos, muito em voga na sociedade ocidental.

4. Em muitas questões éticas a Igreja é a voz que mais se faz ouvir a remar contra a maré. Basta ver questões como o aborto, a eutanásia, o divórcio, os casamentos homossexuais...
Para os que alinham na maré, é preciso desautorizar, amesquinhar, manietar a voz incómoda da Igreja. Nada melhor do que "chapar" com escândalos nascidos no seio da própria Igreja, certos de que a melhor defesa é o ataque.
E como quem o faz tem poderosos meios económicos e de comunicação, há que assar em lume brando, trazendo cada dia para as manchetes dos jornais casos de pedofilia mesmo que já tenham passado há décadas e tenham sido julgados. Ou fazendo julgamento público de pessoas antes da voz da justiça. Ou, pior ainda, lançando a suspeição atrás de suspeição...

6. Aqui fico-me pela impressão pessoal. Mas penso que há lobbies poderosos que nunca aceitaram com bons olhos a eleição de Joseph Ratzinger como Papa e que recorrem a todos os meios para o desacreditar.

7. A Igreja é semper reformanda, necessitada de contínua purificação e de perene renovação, na força do Espírito que opera nela.
Atenta aos sinais dos tempos, aberta à voz do Espírito de Cristo Ressuscitado, humilde e disponível, a Igreja, reconhecendo humildemente o seu pecado, abre-se ao perdão de Deus e dos homens, aberta à dinâmica da esperança que não engana.

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