quinta-feira, 18 de março de 2010

Esta custa-me a entender...

Há 19 mil postos de trabalho que ninguém quer
O Instituto de Emprego e Formação Profissional tinha, no final de Janeiro, mais de 19 mil ofertas de emprego que não encontraram interessados entre os mais de 560 mil inscritos nos centros de emprego.
PORQUÊ?
- Porque as pessoas procuram emprego, mas não querem trabalho?
- Ficar em casa à sombra do ordenado mínimo ou do subsídio de desemprego é mais fácil?
- Os postos de trabalho oferecidos não oferecem garantias no tocante a estabilidade, dignidade e direitos sociais?
- Os postos de trabalho ficam muito longe de casa e o trabalhador não ganha sequer para pagar transportes e alojamento?
- Os ordenados oferecidos são tão baixos que não cativam ninguém?
- São trabalhos pesados e as pessoas não estão para esforços?
Uma coisa é certa. Um casal que viva numa grande cidade onde tenha que pagar tudo menos o ar que respira, não sei como consigue viver com dois ordenados mínimos (isto pensando que trabalham os dois...). É a alimentação, o vestuário, a renda de casa, as despesas com a educação dos filhos, os transportes, os impostos, tudo, tudo...
Depois a ideia que se tem do nosso patronato não favorece nada a economia e coesão social. Quando a empresa vinga, o empresário é um génio, um criativo; quando a empresa vai à falência, a culpa é dos trabalhadores. Muitos querem é enriquecer a toda a força e rapidamente, dentro de uma mania nacional de ostentação de riqueza. Existe ainda no subconsciente de muito do patronato nacional a ideia de que os ordenados baixos é a base da sustentação e prosperidade da empresa. Penso ser uma ideia bem retrógada. Quanto melhores forem os ordenados, mais motivação para trabalhar e produzir existe por parte dos trabalhadores. Claro que temos patrões modernos que já não alinham por esta bitola, honra lhes seja.
Mas o Estado dá algum exemplo? Reparemos nos ordenados dos funcionários públicos e dos trabalhadores das empresas tuteladas pelo mesmo Estado. As desiguladades nos ordenados são escandalosas. E depois vem ainda a pouca vergonha, a sem vergonhice da chapelada de mordomias de que beneficiam os altos quadros e os gestores públicos.
O Estado, pessoa de bem, devia ser uma referência também no campo laboral para as empresas privadas. Mas está quieto...

3 comentários:

  1. Bem observado e bem escrito, Sr. Padre Carlos!

    Tudo isto é o resultado - normal e esperado... - da falência moral do Estado...
    Governantes (?!) sem qualidade, sem competência, sem a mínima formação moral, sem princípios nem ética (nem sabem o que isto é...), teriam de, inevitavelmente, conduzir o País ao caos em que se encontra.
    Com homúnculos desta "envergadura", as leis que se fazem reflectem a incompetência que os caracteriza, e o plano moral em que eles vivem: leis, no mínimo, desadequadas à realidade, as mais das vezes absolutamente iníquas.
    Tais leis determinam o (mau) funcionamento da organização social.
    Há coisas que salta pelos olhos adentro que estão totalmente erradas e que vão produzir resultados péssimos, quando não catastróficos. Vê-se logo à nascença... Contudo, como foram "luminárias" que decidiram, levam-se à prática. Depois, quem paga as incongruências e as asneiras... são os pobres e os pequeninos!
    O que faz falta no País é que gente sensata e de elevada condição moral - e não comprometida com aparelhos partidários ou interesses de grupos - tome conta das rédeas do poder. Só assim este País poderá voltar a sê-lo...
    A continuarmos assim, com uns tantos bandoleiros da política a sugarem os esforço da maioria, só podemos esperar pelo colapso final...

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  2. Acredito que alguns dos desempregados procurem emprego e não trabalho ,tal situação não se aplica ao meu caso que sofro na pele o desemprego ao fim de 36 anos de dar no duro.Custa-me a acreditar nessa estatistica dos 19.000 empregos oferecidos pelo centro de emprego, porque eu recorro constantemente a essas ofertas e o que vejo, assusta-me...
    "precisa-se colaborador que fale inglês , mandarim , e alemão com o 12º ano, ordenado 450 euros mês,duração de contrato 6 meses , e como estes anuncios são algumas centenas deles, outros servem só para fazer nº, são como os concursos públicos, que quando saem cá para fora já têm o seu dono.Aconteceu-me a mim ... mandaram-me com uma carta para ir fazer contrato para uma escola secundária e quando lá cheguei já a vaga tinha sido ocupada.
    Perante isto que credibilidade tem o centro de emprego.É preciso que se saiba que as pessoas que arranjam emprego através do centro de emprego e que fazem contratos de 6 meses se forem mandados embora depois de findar o contrato, não voltam a ter na mesma o direito ao subsidio ,estão por sua conta e risco.Há dias frequentei um curso no centro de emprego, que foi remunerado ...ou sejam 45 euros pagos pelo Estado, uma vergonha!!!
    uma turma de 20 alunos. Jovens, pessoas de meia idade e algumas mais velhas .Acreditem , vi desespero, lágrimas e algumas pessoas a lutar para fazerem cursos sucessivos, uns , atrás de outros, para terem direito a essa pequena remuneração,que tambem é paga tarde e a más horas. Onde pára a sensibilidade para estes casos.Chega de exploração... Apliquem tambem a lei ao Governo entra 1 saem 4.(Este comentário não se aplica a todos ,pois alguns não querem mesmo trabalhar...

    Muita Paz

    Armando Gouveia

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  3. Caros visitantes:
    Obrigado pela vossa presença e pelos comentários cuja pertinência e relevância me tocam profundamente.
    O páis está de cócoras. Ainda hoje se podia ler em: http://economico.sapo.pt/noticias/riqueza-em-portugal-ja-nao-chega-para-pagar-dividas-ao-estrangeiro_84604.html
    que "a riqueza produzida em Portugal num ano já não chega para pagar as dívidas externas. Em 2009, o endividamento atingiu 111% do PIB."

    Mas estás de cócoras sobretudo pela falta de ética, começando pelo Estado e suas dependências. Não se diz a verdade toda, encobre-se o que não interessa, diz-se só o que convém. Então este governo é exemplar neste campo!!!
    Por exemplo, não entram nas estatísticas do desemprego os milhares e milhares de portugueses que emigraram, porque aqui não tinham trabalho.
    Por exemplo, não se explica por que razão há esses tantos empregos e as pessoas não os querem. Penso que aqui o Armando deu uma enorme ajuda aos leitores para compreenderem como funcionam os centros de emprego e como aí se passam as coisas.
    Enquanto não houver verdade, transparência, igualdade de todos perante as oportunidades, continuaremos a ser um país de onde as pessoas que podem fogem.

    Mas é denunciando, lutando que remaremos contra a maré, lutando aqui pela esperança de um mundo novo que há-de vir.

    Força, amigos!

    Asas da Montanha

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